Compaixão - Acção urgente

Nos últimos tempos, existe uma palavra que tem marcado claramente a minha vida: COMPAIXÃO. Quero compartilhar contigo alguns pensamentos que tenho coleccionado e que têm revolucionado a minha maneira de ver os outros.

COMPAIXÃO, o que quer dizer?
Nada melhor do que um dicionário para nos ajudar... COMPAIXÃO é o “sentimento de pesar que em nós desperta o mal de outrem; pena; dó; comiseração; piedade.” Noutras palavras, é sentir cá dentro um “peso” ao ver e viver os problemas e dificuldades das outras pessoas.

COMPAIXÃO, uma parábola.
Agora, vamos um pouco mais longe. Convido-te a mergulhar no teu imaginário bíblico e a relembrar uma das parábolas mais importantes do Evangelho: o Bom Samaritano (Lucas 10:25 a 37).

Em traços largos, Jesus explicou o que é o amor ao próximo e quem é o nosso próximo. Ele contou a história de um judeu que vinha de Jerusalém para Jericó. Este homem é assaltado, maltratado e deixado ao abandono, meio morto. Passam dois religiosos que o ignoram, mas um samaritano que ía de viagem passou, parou e auxiliou aquela vítima.

Um retrato da sociedade
“O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir (...)” (João 10:10)  Nesta parábola vemos naquela vítima uma caracterização fiel da nossa sociedade actual.

Satanás tem roubado à sociedade a comunhão com Deus, a paz verdadeira, a alegria, as bençãos. Está sempre pronto a tirar a vida abundante de Deus, separando-nos d’Ele (morte=separação), tornando as vidas das pessoas sem uma Causa maior do que aquela de estudar, casar, ter um bom emprego, filhos, saúde e dinheiro... estas são importantes mas não nos preenchem totalmente.

O nosso inimigo tem feito tudo para destruir a estabilidade das famílias através de situações que levam ao divórcio, acorrentando milhares de pessoas a dependências físicas e psicológicas, levando as pessoas a procurar soluções espirituais obscuras que as aprisionam, marcando crianças com os actos mais imorais e horriveis da história da humanidade.

A motivação
O Sacerdote e o Levita seriam, pela lógica, aqueles que deveriam de ter ajudado o homem, certo? Mas parece que o que se passou na cabecinha daqueles dois religiosos foi tão mecânico e desumano que eles não mexeram um dedo para o ajudar... eles passaram de largo, como se estivessem a ver um caixote do lixo mal-cheiroso e não quisessem ficar “contaminados”.

Por outro lado, o samaritano surpreendeu positivamente! Numa lógica humana, ele seria a última pessoa que estaria disposta a ajudar, uma vez que os habitantes de Jerusalém eram inimigos dos samaritanos. Mas ele “moveu-se de íntima compaixão” (v.33) ao ver aquele homem ferido e mal-tratado. O samaritano curou as feridas do judeu, transportou-o até uma estalagem e só descançou quando o homem ficou bom.

Aqui estamos perante a insensibilidade da religião em contraste com a compaixão em acção. A religião leva-nos a agir para agradar, para ser visto, para cumprir regras. A compaixão leva-nos a fazer algo por amor verdadeiro, sem esperar ter nada em troca.

É urgente!
“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E disse ele: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faz da mesma maneira.” (v.36 e 37) É muito interessante compreender o significado desta história... mas, mais do que isso, Deus espera de nós uma resposta.

A nossa sociedade precisa, com urgência, de BONS SAMARITANOS. Não de religiosos presunçosos e orgulhosos por serem detentores da verdadeira religião, que ficam num pedestal à espera que os outros se aproximem deles... São precisas, sim, pessoas que se MOVAM DE ÍNTIMA COMPAIXÃO… não me refiro a pessoal que só se lembra da palavra “dar” na altura do Natal… é muito mais do que isso!

Pessoas que não sejam do mundo mas estejam no mundo, para marcar a diferença antes de mais pelas atitudes. Rapazes, raparigas, crianças, adultos e idosos que tenham o firme propósito de alcançar vidas, colocando em prática aquilo que aprenderam na Palavra de Deus. Vidas que sigam o exemplo de Deus. Ele amou tanto os pecadores que deu aquilo de mais precioso que tinha: o Seu Único Filho!

Cristãos que possam, tal como Jesus, dar a vida pelos amigos e inimigos, naquilo que está ao seu alcance, sem esperar nada em troca... simplesmente por sentir o sofrimento dos outros e querer vê-los sorrir. Crentes sensíveis, capazes de se aproximar de pessoas com as quais não se relacionam habitualmente para as ajudar. Gente que está disposta a orar, jejuar e investir nos outros, sendo persistente e paciente, pois Deus tem um tempo certo para tudo.

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:35)

É urgente agir, obedecer à Palavra de Deus, para que possamos ser sal e luz que verdadeiramente marque a diferença, e conquistemos esta geração para Jesus.

Tem um Santo Natal,

Ana Ramalho
in revista Boa Semente, secção Boa Semente, Dezembro 2003

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