Diferença ou indiferença?

Cada novo dia é (mais) uma oportunidade para ser como Jesus.


De mãos abertas, vertendo aquele amor tão Seu, incrível mas atingível. De braços escancarados, como portas franqueadas pela misericórdia contínua por todos, sem excepção. De corpo inteiro, totalmente entregue no auge do maior acto de generosidade da História. 

Exposto perante a multidão, por uma carga incalculável de pecados e angústias, de doenças e sofrimentos de todos os séculos. Ele foi além do esperado. Além do mero acto de compaixão humanista. Além de um gesto de simpatia ou dever. Além do compromisso frio com a Sua missão.

Fez a diferença eterna na Sua morte, como fazia no seu dia a dia, invadindo com gentileza, cavalheirismo e amor genuíno o quotidiano colectivo e individual daqueles com quem se cruzava. Da escravidão do pecado e opressão espiritual para a liberdade do compromisso com Deus. Da agonia da doença, para a alegria da cura. Do caos para o Céu, num percurso iniciado pelo passo do arrependimento, no veículo do novo nascimento.

Ele amou-nos primeiro. Primeiro Ele agiu. Primeiro Ele mostrou o Seu divino interesse em nos salvar e transformar. Primeiro Ele veio e entregou-Se. A Sua generosidade activa que aniquilou a indiferença fez (e faz) mossa no egoísmo crescente da humanidade.

Mais uma vez confronto-me com o desafio dos desafios: ser como Jesus. Saber que sou amada por Ele ao ponto de ter entregue a Sua vida por mim dá-me razões suficientes para agradecer por toda a eternidade, começando aqui na terra. Mas a visibilidade do resultado do Seu amor derramado na minha vida é também necessária e importante. Ser veículo das Suas palavras de mudança positiva para a vida da humanidade em declínio. Aprender a amar como Ele ama, agindo para levar pão e salvação aos outros.

O melhor púlpito é o nosso mundo. A melhor pregação é a nossa vida. O melhor apelo são as lágrimas que vertemos com aqueles que choram, o sorriso que partilhamos com quem alcança uma vitória, o recado de encorajamento para o abatido, o chá e o tempo para o amigo que quer desabafar, o nosso segundo casaco para quem não tinha com que se aquecer, o prato cheio para o estômago vazio. Dar o que podemos a quem deseja receber.

Peço perdão a Deus pela minha indiferença. Pelas oportunidades que deixo para trás na história da minha vida. Mas fico grata pelas vezes em que aproveitei a ocasião e vi Deus marcar a vida do outro. Estas são as sementes que planto, os frutos que colho e colherei, mesmo que não ouça um imediato “obrigado” nem aconteça nada de fantástico, aparentemente. Continuo. Espero no futuro e suplico ajuda ao meu Mentor e Amigo dos amigos, para que eu seja cada vez mais um espelho Dele, marcando a diferença de forma positiva nas vidas daqueles que me rodeiam.

Diferença ou indiferença? Reparto o desafio com quem me escuta para que partilhe da mesma oração e parta para a acção.

Ana Ramalho


in revista Novas de Alegria, suplemento NAJovem, Setembro 2007

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