Choro e independência


Adormecidos na luz, apreciamos inertes os que sofrem, os que gemem, os que reagem por dor ou
revolta...

Diluídos na escuridão, esquecemos o que nos separa de Deus, aceitamos lenta e prontamente o que nos faz mal, mesmo que o sabor agradável dure um momento, um dia, um ano, uma vida...

Afastados do Pai prosseguimos, deixando os valores e os amores que antes nos prendiam ao Seu querer...

Choramos, sim. Sabemos que o caminho que escolhemos não é o melhor - o d'Ele talvez fosse - mas teimamos que somos mais sábios, mais tolerantes, mais perfeitos, mais justos que o Pai... e continuamos a deixar-nos levar pelos nossos caminhos, os nossos desejos, os nossos limitados e corrumpidos pensamentos.

Não basta chorar. É preciso tomar a decisão ousada de negar o "eu" e tomar como protectoras as palavras do Pai... Mesmo que doa, agora será melhor que depois de nos termos espalhado ao comprido nos nossos próprios ideiais, de deixarmos no coração e na vida marcas profundas... não pela penalização do nosso amoroso Pai, mas pelas decisões conscientemente erradas que tomámos.

Seguimos. Filhos rebeldes, impacientes, mimados, auto-suficientes, independentes, estranhamente adormecidos nos nossos próprios desaires e nas desculpas que somos peritos a dar para fazermos o que queremos...

Hoje chorei pelos que estão anestesiados, diluídos, afastados... mesmo com nome, mas sem alma; com ciência, mas sem consciência, rendidos a outro senhor que não o Pai amoroso...

Chorei por mim e pelos outros. Intercedi pelos filhos que podendo ter tudo do Pai se tornam miseráveis por conta própria, como eu tantas vezes.

Deixo um apelo singular. Uma requisição que vem cá de dentro e não exige uma burocracia legalista. Um pedido sincero, amável, cheio de graça...

Estejas onde estiveres, estejas como estiveres, regressa. Vem para o Pai. Recomeça.

Nunca é tarde para voltar.

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