“E isto não é uma promoção...”

A euforia foi extrema, gerou o caos no momento, a inspeção na sequência, humor e desamores nas imediações. Uma promoção bombástica transformou um calmo feriado numa avalanche de consumismo no meio de uma crise económica.
Não sou contra as promoções e as reduções. Quando as empresas seguem regras de boas práticas e são honestas, o cliente tem mais possibilidade de escolher e (aparentemente) pagar menos. O que me preocupa é o estado de histeria a que chegámos... tudo por causa de uma promoção. As imagens e comentários nos media, nas redes sociais, no café da esquina ou no elevador revelaram como, quando estimulados com a ‘cenoura’ do Euro, podemos romper com as boas maneiras, sermos mal-educados e até violentos.
Afinal, somos tão volúveis, tão controláveis pelo benefício instantâneo, pela ganância, pelo egoísmo, que nem nos apercebemos disso. Tropeçamos no colega de trabalho na ânsia de pôr no carrinho de compras a nossa subida na carreira; abandonamos a família para aproveitarmos a promoção de uma aventura romântica que nos ilude nas primeiras semanas de emoção; ficamos na fila para o sorteio europeu, anos a fio, à espera que o dinheiro faça a nossa vida florescer - andamos a correr para onde nos mostram vantagens, benefícios e uma efémera felicidade, mas continuamos descontentes.
Há um mundo à nossa volta que nos entretém mas que não cala a voz do coração, num vazio que não há promoção, prémio ou atração que preencha. Estamos tão cheios das nossas escolhas, dos nossos apetites, do nosso ‘eu’, que esse som de embalo do imediatismo, funciona como um analgésico que tira a dor mas não cura a alma, apenas a adormece. Como uma droga domina o corpo, corrói a mente e enfraquece o espírito, e pede sempre mais.
Se em vez de procurarmos uma felicidade aparentemente barata, ao alcance de alguns euros e cedências morais, procurássemos a verdadeira alegria, disponível gratuitamente, com garantia vitalícia? Jesus não esperou por uma promoção para nos comprar. Ele pagou com tudo - com a vida - por todos e por cada um, o preço da nossa vitória, da nossa liberdade. E Ele oferece GRATUITAMENTE a nossa reconciliação com Deus, para uma vida abundante e eterna. Ao reconhecermos como temos vivido dominados pelo nosso ‘eu’, Jesus dá-nos uma nova vida: a oportunidade de viver com Ele e para Ele, confiando na Sua provisão e contentando-nos com a Sua alegria intemporal na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, sabendo que a morte não nos separa, mas é a porta para a vida eterna.
Se quando nos ‘mexem na carteira e nos ‘dão’ 50% de desconto por coisas tão efémeras, mesmo que necessárias, nos entusiasmamos... onde está a nossa euforia em anunciar que Ele já pagou 100% da nossa incontável dívida de erros, falhas, pecados, incongruências e, pior de tudo, uma vida de costas voltadas para a Sua graça e amor? Esta é a melhor de todas as notícias. E não é uma promoção... é uma oportunidade aberta até que Ele volte ou que deixemos de respirar.
“Porque é pela graça que estão salvos, mediante a fé. E isto não é mérito vosso, é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie. Pois somos obra das suas mãos, criados em Cristo Jesus para vivermos na prática das boas obras, as quais de antemão Deus preparou para nós.” (Efésios 2:8-10, versão “A Bíblia para Todos”)
“É que há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, que é homem e deu a vida por todos (...)” (1 Timóteo 2:5-6a, versão “A Bíblia para Todos”)

Ana Ramalho Rosa

in revista Novas de Alegria, julho 2012


Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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