Salmologia 2#

O princípio da rebelião contra Deus foi instituído por Satanás e disseminado pelo Homem. Temos a tendência de culpar o diabo por tudo e de lhe fazer as costas largas. Mas muitas vezes, é a própria vontade humana a liderar as coisas. A questão que o salmista faz é pertinente. “Porque se revoltam os povos?”, porque existe a tendência de abraçar  o espírito de rebelião? Qual é a vantagem da insurreição? Parece uma espécie de birra de criança pequena, um amuo.

Esta rebeldia não se vê só pelo falar, vê-se até mais pelo fazer. A série de valores que a sociedade tende em defender cada vez mais é conflituante com Deus. Se antes Deus era o centro da vida em sociedade, foi empurrado para o lado. Ficaram apenas os Seus valores, que agora parecem ser antiquados e obsoletos, que não agradam, que não estão a par e passo dos valores da sociedade pós-moderna. Mesmo os valores de Deus vão sendo empurrados, riscados, apagados, rasurados, na tentativa de apagar da memória do Homem a existência de Deus. A criatura mais excelsa da Criação passou a assumir-se como escrava e vitimizada… Quem se assume assim, quer assinar uma sentença de morte impossível. Quer fechar a cadeado a imensidão do interminável.

Mas o Homem não leva os seus intentos singulares adiante, não porque não tente, mas porque lhe é impossível. Torna-se vão resistir à majestade de Deus, tornada carne e osso em Cristo. Estamos acostumados a interiorizar a imagem de um Jesus bébé ou do Messias crucificado; não contemplamos a soberania e o poderio com que Ele reinará[1] e julgará as nações[2]. Jesus é reconhecido como o Filho, uma das três pessoas do Deus tri-uno, um dos agentes da Trindade. Ele não foi criado, mas antes foi conjuntamente o Criador de todas as coisas que existem[3]. O mote para esse reconhecimento é dado pelo próprio Deus no versículo 7 e o Pai mesmo entregará nas mãos do Filho todo o poder para reinar em justiça e julgar todos os homens, mulheres, povos e nações[4].

O anúncio da soberania de Cristo para as nações não é vazio de significado. O salmista não escreve por escrever, mas escreve como um pré-aviso do que virá. Deus conhece o coração do Homem e deseja que o ser humano se arrependa do pecado e seja restaurado em comunhão com Ele. Os reis e governantes são os primeiros a ser chamados ao arrependimento, porque aqueles que governam devem dar o exemplo, para que os seus governados possam seguir-se numa atitude de humildade. O propósito não é uma reconciliação com base no medo, mas antes uma reconciliação com base na alegria de pertencer à família divina e de poder amar a Deus. Uma alegria respeitadora do Seu poder e majestade, da Sua realeza e mão forte.

O salmo 2 é um aviso com ecos vindos de à mais de mil anos, mas que continua a fazer-se ouvir hoje. Todos somos chamados ao arrependimento, a deixar de lado a atitude centrada em nós mesmos, a sermos reconciliados com Deus através do sacrifício de Jesus.  Tudo por isto por um simples motivo…

“Deus amou tanto o mundo que deu o seu único Filho para que todo aquele que nele crê não se perca espiritualmente, mas tenha a vida eterna.  Deus não mandou o seu Filho para condenar o mundo, mas para o salvar. Para os que confiam nele como Salvador não há condenação eterna. Mas os que não confiam nele já estão julgados e condenados por não crerem no Filho único de Deus.” João 3:16-18 (versão “O Livro”)



Ricardo Rosa


[1] - Zacarias 14.9
[2] - Romanos 2:16
[3] - Colossenses 1:16-17
[4] - João 5:22

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