A prova de avaliação

É verdade que o assunto da prova de avaliação de capacidades e conhecimentos a professores contratados tem feito “correr muita tinta”.
De um lado, dizem que ela é imprescindível. De outro lado, dizem que ela é inútil. Depois de se saberem os resultados, destacaram-se na comunicação social os erros dos professores... e a polémica continuou (e continua).
As avaliações que vamos tendo ao longo do nosso percurso académico e profissional nem sempre são justas nem justificáveis. Às vezes os objetivos propostos podem ser consideradas impossíveis de alcançar com os meios e no meio em que estamos. Precisamos de prestar contas, é verdade, mas nem sempre há bom senso nas exigências que nos são pedidas.

Não querendo ficar-me por um argumento de “luta de classes” nem de me perder em questões políticas/económicas/sociais, retenho apenas e só uma ideia: há uma prova de avaliação que nenhum de nós pode passar.
Estamos todos condenados a chumbar. Porque respondemos nas muitas encruzilhadas da vida a alínea errada da escolha múltipla. Porque escrevemos os nossos dias com a conjugação certa de verbos desacertados, fruto do nosso ego imperdoável, tais como como: odeio-te, vais pagá-las, não me importo, desisto. Porque matamos a álgebra da partilha, de dentro para fora, com a fórmula isto + aquilo + outra coisa = para mim. A lista é interminável, mesmo que para uns seja sectorial e praticamente imperceptível à primeira vista.
“Assim diz a Sagrada Escritura: Não há ninguém que seja justo. Ninguém. Não há ninguém que compreenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos andam fora do caminho e todos se perdem. Não há quem faça o bem. Nem um só (...) Todos pecaram e estão privados da glória de Deus.” (Romanos 3:10-12, 23, BPT)
A avaliação parece desoladora... e, certamente, olhando para o espelho, temos que concordar que somos imperfeitos, mesmo que bem intencionados, egoístas, mesmo que tendo atos de compaixão e partilha, cegos, mesmo quando temos a realidade da nossa rebeldia espiritual mesmo à frente dos nossos olhos.
Podemos argumentar as nossas boas práticas e ações, negociando com Deus, como se aquilo que nos justifique das nossas más notas sejam as coisas decentes que vamos fazendo... mas a salvação do chumbo total e eterno, “não vem das obras para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:9, BPT) 
Felizmente, temos acesso a Deus não pelo nosso mérito mas pela nossa decisão. Quando assumimos que somos incapazes e decidimos que só através de Cristo podemos passar o teste da vida, ter os nossos pecados justificados e a nossa vida aberta para uma eternidade de alegria. Esta vida inicia já, aqui e agora, mesmo no meio de desafios e lutas, como um aperitivo que nos faz querer viver com Deus e para Deus. E temos o Seu Espírito e a Sua Palavra para nos guiar e transformar, e a Sua Igreja para ser o meio no qual crescemos, dia após dia.
Mas pela sua bondade imerecida, Deus os justifica gratuitamente por meio de Jesus Cristo que os libertou do poder do pecado. Deus fez com que Cristo, pela sua morte, se tornasse instrumento de perdão para os que creem nele. Foi assim que ele mostrou a sua justiça, não tendo, na sua paciência, castigado os pecados antes cometidos. Fê-lo para demonstrar a sua justiça no tempo presente, pois Deus é justo e justifica os que creem em Jesus.” (Romanos 3:24-26, BPT)


Ana Ramalho Rosa

in revista Novas de Alegria, maio 2015

Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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