Orlando sem desculpas

Foi um massacre. Um ataque atroz. Um atentado. Uma chacina. 50 mortos e 53 feridos. Um atirador, morto pela polícia. O motivo: seria religioso ou puramente homofóbico? Passeei um pouco por vários sites e blogues, para me por ao corrente das notícias... e depois pensei.

Pensei no caminho que a humanidade está a tomar, de extremos e extremismos, de ódios e orgulhos, quer dos que se dizem religiosos quer dos que se dizem ateus. Pensei nesta nossa garra de querermos ser os donos da verdade e sermos capazes de tudo e qualquer coisa para prová-la e afirmá-la, ao ponto de matarmos outra pessoa. Pensei na escassez de amor incondicional e desinteressado, tal como a Bíblia afirma que faltaria nos últimos dias.


Não há desculpas para uma vida embriagada pelo pecado. As obras resultantes do domínio da nossa tendência para fazer aquilo que Deus não quer, e não fazer o que Ele quer, têm uma causa mas não têm desculpa. Está no nosso ADN, não no original mas naquele destorcido pelo pecado, essa inclinação perniciosa, desde que nos deixámos minar pela nossa independência de Deus, lá bem longe, quando Adão e Eva cederam e pecaram. Não importa as coisas boas que pomos do outro lado da balança – somos todos pecadores. Todos farinha do mesmo saco. Cada um com a sua tendência para falhar o alvo de Deus nesta ou noutra área. Nos pensamentos, nas ações, nas intenções.

Paulo ao escrever à Igreja em Roma fala disso mesmo. Primeiro, menciona a corrupção do povo não judeu, com a sua imoralidade e idolatria (Romanos 1:18-32). Depois, os moralistas que defendiam a ética do tipo “faz o que eu digo, não faças o que eu faço” (Romanos 2:1-16). Finalmente, a arrogância religiosa, neste caso dos judeus que se orgulhavam por conhecerem a lei de Deus, mas não obedeciam aos Seus mandamentos (Romanos 2:17-3:8). Mais claro não poderia ser: “Assim diz a Sagrada Escritura: Não há ninguém que seja justo. Ninguém. (...) Que todos se calem e não arranjem desculpas e que o mundo todo se sujeite ao julgamento de Deus.” (Romanos 3:10,19b, BPT)

O que dizer então? Estamos todos condenados? Sim e não. Sim, todos merecemos a condenação, a separação de Deus. E não, não é a sentença final. Todos podemos ser livres dessa condenação se assim escolhermos. Felizmente a carta ao Romanos não terminou aqui. Paulo afirma que “pela sua bondade imerecida, Deus os justifica gratuitamente por meio de Jesus Cristo que os libertou do poder do pecado. Deus fez com que Cristo, pela sua morte, se tornasse instrumento de perdão para os que creem nele. Foi assim que ele mostrou a sua justiça, não tendo, na sua paciência, castigado os pecados antes cometidos. Fê-lo para demonstrar a sua justiça no tempo presente, pois Deus é justo e justifica os que creem em Jesus.” (Romanos 3:24-26, BPT)

Não temos desculpas, mas temos Alguém que nos justificou. Jesus tomou a nossa vez, o nosso lugar, para que possamos usufruir da verdadeira vida, da verdadeira liberdade, aquela que resulta de uma transformação sobrenatural, que só Deus poderia fazer, e que nos leva a uma obediência amorosa e a uma dependência total.

Somos, por isso, levados a deixar as nossas desculpas de lado e a aceitar uma nova vida, uma que vale a pena, através de Jesus Cristo. Qual é a tua escolha?


Ana Ramalho Rosa

in revista Novas de Alegria, setembro 2016. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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