9 coisas que não podem faltar na Igreja

Ilustração © Marcos Rodrigues
500 anos de Reforma Protestante devem fazer-nos parar para pensar naquilo que é essencial, acessório ou mesmo prejudicial para a Igreja: até que ponto estamos ou não alinhados com os princípios da Palavra de Deus? E que princípios são esses? Vamos à raiz – ao nascimento da Igreja! Em Atos, no capítulo 2, encontramos pelo menos 9 coisas que não podem faltar na igreja – em qualquer cultura, época e situação.

1) MENSAGEM CENTRADA DA CRUZ (Atos 2:38) Quando se falar àqueles que ainda não conhecem Jesus, não podemos pregar apenas “vem a Jesus para te tornares uma pessoa melhor”, ou para ficar “safo” da condenação eterna. Precisamos dizer que os pecados afastam o homem de Deus, Jesus pagou o (alto) preço da nossa redenção sem que nós fizéssemos nada para merecer, e nós temos que reconhecer a nossa condição assim como o amor de Deus por nós.



2) CONVERSÃO GENUÍNA (Atos 2:41-42) Depois de escutar a mensagem completa da salvação, precisamos arrepender-nos. Somos transformados em novas pessoas e passamos a viver totalmente para Deus, aqui e na eternidade. Quem ama Jesus, obedece-Lhe em tudo — isso inclui dar o passo de assumir publicamente que O seguimos, o batismo. Uma conversão genuína tem sempre que ser acompanhada por frutos de arrependimento, com o trabalho do Espírito Santo visível no nosso caráter (Gálatas 5:22-23).

3) CELEBRAÇÃO DA CEIA (Atos 2: 42) É interessante a sequência bíblica conversão > batismo > Ceia. A celebração da Ceia do Senhor é o momento de gratidão, onde lembramos a morte de Jesus até que Ele venha. É quando aqueles que fazem parte do Corpo, celebram a entrega de Cristo para torná-los Corpo — Igreja. Que todos o façamos dignamente, ou seja, com os nossos relacionamentos em ordem — com Deus e uns com os outros. Sem medo, mas com alegria porque estamos a lembrar o passado com os olhos no futuro, as Bodas do Cordeiro.

4) DONS DO ESPÍRITO SANTO (Atos 2: 38, 39, 43) Depois da decisão de seguir Jesus, é essencial o batismo no Espírito Santo não para ganharmos “mais uma experiência” espiritual, mas para nos tornarmos testemunhas com ousadia e sabedoria — para falarmos aos outros daquilo que Deus fez connosco (Atos 1:8). E, também, para sermos usados com os dons do Espírito Santo — capacidades especiais que Ele nos dá para sermos de bênção para a Igreja. Os sinais têm que seguir os que creem, porque é uma promessa de Jesus (Marcos 16:15-20).

5) ENSINO PARA CRESCIMENTO ESPIRITUAL (Atos 2: 42) Não podemos viver do “diz que disse”, nem de frases feitas que lemos aqui e ali. Além do bom hábito de ler as Escrituras individualmente, precisamos de ensino sólido para sabermos no que cremos e porque cremos. Caso contrário, somos facilmente iludidos por ideias que parecem boas mas são mentiras mascaradas de meias verdades. E precisamos que Deus levante pessoas com dom para ajudar nesse aspeto (Efésios 4:11-16). Só podemos dar aquilo que temos e esta geração faminta de verdade precisa de nós, Igreja, para alimentá-la com a Palavra de Deus, poderosa para transformar, consolar, etc. (Hebreus 4:12; 2 Timóteo 3:16-17). Transformados para transformar.

6) ORAÇÃO (Atos 2: 42) A oração é uma conversa com Deus, que temos individualmente e em comunidade. A comunhão com Deus não pode faltar nas nossas vidas pessoais e nas nossas igrejas locais. A oração ajuda-nos a ficarmos focados em Deus, a dependermos Dele, a partilharmos as cargas uns dos outros, etc.

7) GENEROSIDADE E SOLIDARIEDADE (Atos 2: 44, 45) O princípio presente é ajudar os que têm menos posses. É verdade que Deus cuida de nós (Mateus 6:3, 34), que temos que fazer a nossa parte para ganhar o nosso sustento (2 Tessalonicenses 3:10-12), mas há situações em que os nossos irmãos na fé podem precisar de ajuda para as coisas mais básicas. A Igreja é um Corpo e como Corpo temos, devemos e podemos cuidar uns dos outros.

8) UNIÃO VERDADEIRA (Atos 2: 46) É espetacular ver o milagre que Jesus fez não apenas em salvar-nos mas em unir-nos num só Corpo. Pessoas de extratos sociais diferentes, com profissões e idades tão diferentes, com raças distintas, fazendo parte de uma mesma família local, expressão da Igreja universal. É uma coisa que só Ele pode fazer.

9) O BOM TESTEMUNHO (Atos 2: 47) É verdade que a vida espiritual é um processo, e que não somos perfeitos, mas o modo como vivemos pessoalmente e como comunidade devem fazer-nos “cair na graça do povo”. Podem não concordar com os princípios que defendemos por sermos fieis a Deus e à Sua Palavra, mas que o amor a Deus e uns aos outros, visto na prática, possa cativar aqueles que Ele deseja salvar.

Ana Ramalho Rosa


in revista Novas de Alegria, outubro 2017. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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