Dez segundos para o Futuro

O título deste artigo é, nada mais nada menos, do que o subtítulo da série documental “Futuro 2077”, que a RTP apresentou no início deste ano. Muito bem produzida, levou-nos à descoberta do que o Presente prevê para o Futuro.

"(...) como vai viver a Humanidade em 2077. Onde vamos estar? De que recursos vamos viver? que tecnologias vamos usar? Como vamos responder aos nossos anseios? Como vamos sobreviver? Que Humanidade queremos ser?" Eram as questões que os quatro programas propunham responder, levantando tópicos importantes, e ouvindo peritos de várias esferas da sociedade. 



Pessoalmente, o que mais me impressionou foi saber aquilo que o conhecimento humano já alcançou e o que se perspetiva para o amanhã, em várias áreas, todas elas integradas entre si. Sem entrar em debates éticos e fugindo à especulação das probabilidades, a verdade é que os nossos avós ficariam abismados com aquilo que já hoje temos. E, ao ritmo que as coisas andam, daqui a 70 anos ficaremos (ou ficaríamos?) também nós boquiabertos.

O que nos espera, de facto, no Futuro? Quando falamos do Planeta, da Ciência, do Ambiente, da Educação, da Saúde, do Emprego, da Mobilidade, já se viu um vislumbre (ou não?) do que poderá ser..., mas, quando falamos de nós mesmos? Da nossa vida? Do nosso Futuro? Do “meu” Futuro? Não imaginamos o que o Futuro imediato nos reserva, quando toca o despertador e nos “arrastamos” a tentar despertar para esse dia que começa, mas não sabemos como acaba.

É fácil sonhar quando as nuvens da bonança nos elevam e os aplausos soam mais certeiros do que um metrónomo. Quando o sossego é o pão de cada dia. Quando a monotonia nos distrai daquilo que o outro passa. E quanto ao Futuro? Sempre risonho... vamos em frente e depois logo se vê!

E, quando a sequência de dias que nos aperta contra a parede do imprevisto, do sufoco e da pressa, tende a não nos dar folga? Quando o abismo das contemplações alheias se torna num pesadelo tão real quanto o vazio incerto da carteira ou a réstia de esperança da despensa quase lisa? Quando o imediato se torna o quase eterno e o passar das horas é desconcertante e improvavelmente previsto?

Podemos ser tentados a achar que as nossas decisões vão sempre ter um resultado positivo e que o dia de amanhã “está no papo”. Tiago avisa: “E quanto àqueles que dizem: ‘Hoje ou amanhã iremos a tal e tal sítio, e aí passaremos um certo tempo, e negociaremos e ganharemos’. Como é que sabem o que vai acontecer amanhã? A vossa vida, o que é ela afinal senão um vapor, que, apenas se forma, logo se esvai. O que deveriam dizer é: ‘Se o Senhor quiser, e se estivermos vivos, havemos de fazer isto e mais aquilo’.” (Tiago 4:13-15, OL)

No extremo oposto, podemos deixar-nos assoberbar pela ansiedade, pela insegurança. Jesus dá-nos uma palavra de esperança: “Portanto, não se preocupem com a comida e a roupa para vestir. Para quê serem como os incrédulos? Mas o vosso Pai celestial sabe perfeitamente que precisam delas. Deem, pois, prioridade ao seu reino e à sua justiça e Deus cuidará do vosso futuro. Não se preocupem com o dia de amanhã. O dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta cada dia o seu mal.” (Mateus 6:31-34, OL)

Como encontrar, então, um ponto de equilíbrio quanto à nossa perceção do Futuro? O salmista responde, em dez segundos: “A quem tenho eu no céu, além de ti? És, na Terra, quem eu mais desejo! A minha saúde enfraquece; o meu espírito está cansado. Mas Deus é a força do meu coração. Ele é meu para a eternidade.” (Salmo 73:25-26, OL)

Não sei como será, de facto, o mundo em 2077, mas sei que Deus não muda. E Ele está lá, de eternidade em eternidade.


Ana Ramalho Rosa

in revista Novas de Alegria, março 2018. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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