Papa-eventos

“Quando é o próximo encontro? Onde vai ser o concerto com aquela banda XPTO? E em que conferência é que vamos ter aquele pregador com ar de nerd que diz umas frases ‘brutais’ para partilhar no Insta?” 

Não sei se só acontece comigo, mas nunca conheceste ninguém assim, que “está em todas”? Concertos, conferências, reuniões especiais, etc... E não estou a falar de malta que de vez em quando vai a um retiro ou um congresso. Estou a falar de pessoal que não falha a um evento especial, mas raramente se vê na igreja. Parece que “vivem” a sua relação com Deus baseada em eventos, quase como se fosse uma dependência.

As razões podem ser muitas... e aposto que já estás a fazer uma lista na tua cabeça, mas, será que isso é bom? Será que “viver” assim é saudável? Saltar de evento em evento dá a sensação de que se está “sempre em cima”, com o “melhor” louvor, a Palavra “mais fixe”, o pessoal tão acolhedor que é “quase angélico”, etc. E depois do evento? Venha o próximo... é um ciclo vicioso

Os eventos são importantes, mas têm que fazer parte de um processo chamado vida cristã — que tem todo o tipo de momentos e fases, porque a vida com Deus não é uma autoestrada sem problemas, mas um caminho apetado com os seus desafios (Mateus 7:14). Felizmente temos o Bom Pastor para nos acompanhar (Salmo 23). A Palavra precisa e deve ser apresentada de modo a que possas entender, mas não pode ser distorcida — tem que ser o que lá está porque é a Palavra de Deus e não a minha ou a tua opinião. Frases feitas podem soar bem, mas não são a Palavra de Deus.

Não podemos esquecer também que a igreja é uma família — onde estamos, nos importamos realmente uns com os outros, ajudamos, alertamos, etc. E fazer parte da família significa ter um compromisso, primeiro com Deus e depois uns com os outros. Significa, também, convidar outros para se juntarem a nós, recebendo-os com amor e compaixão, partilhando a salvação que só Jesus dá, orando para que reconheçam a necessidade de perdão e de uma nova vida com Cristo. É por causa Dele, por Ele e para Ele que vivemos.

“Mas vocês são uma família escolhida por Deus, são sacerdotes ao serviço do Rei, são uma nação santa, são um povo que Deus adquiriu para que possam mostrar aos outros a grandeza de Deus que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes, não eram considerados povo de Deus; agora sim. Antes, não conheciam a misericórdia de Deus; agora as vossas vidas foram alcançadas por essa misericórdia.” (1 Pedro 2:9-10, OL)

Ana Ramalho Rosa



in revista BSteen, março 2018. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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