As famosas “Bolachas Pé”

Tudo começou há uns dois anos. Quando íamos à padaria ao cimo da rua o nosso miúdo ficava “colado” à vitrina. 

Um dia, trouxemos uma caixinha com uma variedade de miniaturas e bolachas. Entre elas, encontrava-se o chamado “sortido húngaro”, uma espécie de sandwich feita com dois bolos secos em forma de línguas de gato meio cobertos de chocolate, com doce de morango no meio... e que duraram pouco tempo na caixa.

Tempos depois, quando regressámos à padaria, lá estava ele a pedir os tais bolos aos quais (ficámos a saber nós na altura e toda a padaria devido à birra que fez), deu o nome de “Bolachas Pé”. Tornou-se uma espécie de “ritual” quando lá íamos e o levávamos “tínhamos” que trazer daqueles bolinhos. Em casa, ele já sabia onde estava a caixa com as “Bolachas Pé”, e pedia-as constantemente. A “troco” de “Bolachas Pé” era capaz de obedecer até quando se tratavam de coisas que ele não gostava mesmo nada — como comer a sopa!



Vou ser honesta — as tais “Bolachas Pé” são deliciosas! No entanto, imaginem se o nosso miúdo comesse quatro bolachas de seguida, antes da hora do jantar? E se, porque afinal elas sabem tão bem, ele passasse a comer “Bolachas Pé” a toda a hora? Qual acham que seria o resultado, além da hiperatividade que o excesso de doces pode dar?

A verdade é que, na vida, todos temos “Bolachas Pé” —  coisas que gostamos mesmo muito, que são uma paixão, que nos dão motivação e para as quais estamos dispostos a fazer todos os sacrifícios, mas que em excesso ou quando se tornam uma obsessão não nos fazem bem. Pode ser a(o) nossa(o) namorada(o), um determinado jogo, uma série, as redes sociais, a dieta ou até os estudos. Gosto do modo como Paulo coloca as coisas quando fala aos manos em Corinto e que podemos aplicar à nossa realidade: “’Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma.” (1 Coríntios 6:12, OL)

Também pode ser algo que fazemos para Deus, mas que, sem darmos por ela, se pode tornar num deus — seja porque somos bons a tocar, a cantar, na multimédia, a pregar, a representar, etc. É como se o nosso relacionamento com Deus fosse baseado apenas nisso e não na amizade que temos com Ele. João avisa-nos “Meus queridos filhos, guardem-se de qualquer coisa que possa tomar o lugar de Deus nos vossos corações.” (1 João 6:21, OL)

Que Deus esteja sentado no trono do nosso coração — e não te preocupes, Ele é um Rei de Amor! A verdade é que somos livres, por causa de Jesus, para vivermos para Ele, segundo a Sua vontade... e não para deixarmos que nada nem ninguém nos aprisione ou controle. E já agora, qual é a tua “Bolacha Pé”?

Ana Ramalho Rosa

in revista BSteen, abril 2018. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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