"Chorai com os que choram"

Às vezes passamos por provas inimagináveis, por tempos que parecem infinitos aos nossos olhos, por sequências de acontecimentos que nos podem deixar assoberbados e até esgotados.

Somos filhos de Deus, mas somos humanos, com tudo o que isso implica. E por vezes não entendemos o porquê das nossas lutas, porque afinal todos as têm de uma ou de outra forma. A verdade é essa mesma - todos passam por elas. É verdade que o nosso maior consolo vem do Senhor, mas esse consolo exprime-se no nosso interior pela presença do Espírito Santo e no nosso exterior por pessoas.



Ninguém é super, e até Jesus, o Filho de Deus, pediu aos Seus amigos que estivessem com Ele naquela hora difícil... Claro que nenhum de nós passou pelo mesmo que Jesus, mas as tribulações também nos “caem em cima”, às vezes como uma bomba atómica, de uma só vez, outras vezes são "apenas" pequenas feridas que não matam, mas moem. Não tem a ver com vitimização, mas com humildade e reconhecimento da nossa condição humana.

"Vai passar", como alguém que conheço sempre diz, mas enquanto não passa, tal como Moisés contou com Arão e Ur, no monte, de mãos levantadas, precisamos dos outros para nos suportarem em oração e súplicas para vencer a batalha.

Às vezes, somos nós a consolar, ajudar e animar os outros, outras vezes são os outros que nos consolam, ajudam e animam. E é isso que é maravilhoso, e é isso que deve acontecer. É por isso que Paulo não diz "comparem-se com os que choram" ou "digam aos que choram para pararem de chorar", mas "chorai com os que choram".

Uma das passagens que tem feito mais sentido para mim nos últimos meses, e que não podia ser mais certeira, nesta área: "Posso suportar todas as coisas com a ajuda de Cristo, que é a fonte da minha força. Mas fizeram bem em me terem ajudado nesta difícil situação." (Filipenses 4: 13-14, OL) Deus usa o Seu Espírito para nos consolar, mas também usa pessoas para nos ajudar, especialmente quando vêm tempos mais ou menos longos de desafio.

Muitas vezes, no turbilhão dos problemas que nos assolam, podemos não entender a causa ou objetivo das nossas lutas e dificuldades. No entanto, sabemos que as nossas experiências com Deus podem servir de bênção e consolo para outros que, não estando na nossa pele, passam também por desafios, embates e provações.

“Louvado seja o nosso Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e a fonte de toda a misericórdia e ajuda! É ele quem nos conforta nas nossas tribulações; e isto para que também possamos ajudar outros que estejam aflitos, com a mesma ajuda e conforto que Deus nos deu.” (2 Coríntios 1:4-5, OL)

3 coisas a reter:
1) Não julgues o sofrimento alheio. Em vez de comentar ou criticar, porque não orar?
2) Lembra-te que todos passam por problemas. Talvez nunca tenhas passado por um tempo de grandes desafios, mas quando esse dia chegar, vais querer que outros orem por ti, te ouçam, etc.
3) Sê uma fonte de ânimo para os outros. A fé não é cega: vê os desafios, mas espera em Deus. Não ignores a realidade, mas sê um veículo, um estímulo para a fé dos outros.

Ana Ramalho Rosa




in revista Novas de Alegria, julho 2018. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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