Gratidão

Nesta edição da revista Novas de Alegria falámos do Natal como tempo de gratidão. Desafiámos pessoas a partilhar as suas experiências e a deixar as suas reflexões acerca do tema em várias vertentes. Que mais poderia eu dizer ou concluir quando tudo já foi aqui dito? 

Gostava de vos convidar a regressarmos ao início de tudo – desta celebração a que chamamos Natal — e pensarmos na atitude de um dos intervenientes na história da vida terrena de Jesus, ainda este tinha poucos dias de vida. Como fazia parte da Lei judaica e de acordo com todos os preceitos que esta exigia, os pais de Jesus foram apresentá-Lo ao Senhor, ao templo em Jerusalém.



Lucas, o médico e investigador, relata no Evangelho que redigiu: “Naquele dia, estava justamente no templo um homem chamado Simeão, morador em Jerusalém, um crente dedicado ao Senhor, cheio do Espírito Santo e que vivia constantemente na esperança do breve aparecimento do Enviado de Deus. O Espírito Santo tinha-lhe revelado que não morreria sem ver primeiro aquele que tinha sido designado por Deus. O Espírito Santo inspirou-o a ir ao templo naquele dia, e assim, quando Maria e José chegaram para apresentar o menino Jesus ao Senhor em obediência à lei, Simeão estava lá. E tomando a criança nos braços louvou Deus: ‘Senhor, agora posso morrer satisfeito, pois vi aquele que tu me prometeste que veria! Vi o Salvador que deste ao mundo. Ele é a luz que brilhará sobre as nações, e será a glória do teu povo Israel.’” (Lucas 2:25-32, OL)

Simeão esperou tanto tempo para ver o Salvador. Ele tinha uma convicção profunda, da parte de Deus, de que isso iria acontecer, mas não sabia quando. Esperou até ao fim da vida para que a Promessa de Deus estivesse nos seus braços e diante dos seus olhos. E, no processo, manteve a sua fidelidade, a sua esperança perseverante em Deus. Não se queixou do tempo de espera, não se revoltou. Nas suas palavras o que podemos observar? Gratidão. Satisfação. Alegria. Convicção. O mais importante estava a acontecer: o Salvador estava ali mesmo!

Que lição! Por vezes o queixume toma conta de nós. Como não temos o que queremos ou Deus não nos responde logo, em vez de valorizarmos as coisas boas que Deus nos dá, “tapamos” tudo com os defeitos e imperfeições que se nos deparam na vida — seja em nós mesmos, naqueles que nos rodeiam, seja nas circunstâncias. Amargamos de boca e com a boca. Tratamos o futuro aos pontapés, como se tudo fosse um imenso quadro de terror em que nós mesmos pintamos os personagens assustadores que criamos na mente, ainda antes de qualquer coisa acontecer. Deixamos que pormenores insignificantes se tornem atores principais de um drama qualquer e reagimos com medo ou raiva, num ato de desespero. E as nossas palavras e atos acabam por nos consumir e até destruir aqueles que estão ao nosso redor.

A insatisfação quando consumida ou produzida em excesso leva à intoxicação... a gratidão é o antídoto para a insatisfação. Que tal pensarmos no exemplo de Simeão e sermos gratos? Gratos porque, independentemente do que estivermos a passar, Deus é Deus. E Deus fez-Se Homem e habitou entre nós, viveu e morreu no nosso lugar. Ressuscitou para sempre, garantindo a nossa vitória sobre tudo o que nos impedia de viver de forma abundante e eterna com Deus — Jesus fez tudo isto, sem merecermos nada!

Agradeça hoje a Deus pela vida, pela família, pela igreja, por Jesus e pela Salvação.

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria, dezembro 2018

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