Pés na Terra, olhos no Céu

Fechou-se a época balnear. Tranca-se a arrecadação, depois de depositar toalhas de paria, chapéu-de-sol, cadeiras, baldes e pás, como se aquela época ficasse definitivamente encerrada, apesar do sol espreitar e do calor ainda apertar.

O relógio não pára. O novo ano letivo está aí. O trabalho não espera. É o retorno à rotina, enquanto esperamos pelo próximo feriado ou pelas férias de Natal. Enquanto a chuva não chega, lá se vai uma tranche do salário para material escolar e, depois, pensar em trocar a roupa fresca pela mais quentinha.

Estas são coisas simplesmente previsíveis e banais. São retornos esperados e de algum modo obrigatórios. Datas marcadas. Rotinas invariáveis. Fazem parte do ciclo natural da nossa sociedade, que calendariza tempos, e estações, regressos e despedidas.


Mas o nosso “calendário” como Igreja, como família espiritual, o organismo vivo cujo comandante é Cristo, ao qual chamamos Igreja, é outro. Não me refiro ao plano de atividades das nossas igrejas locais, nem aos doze meses do ano. Falo de outra “agenda” bem diferente - o calendário de Deus, Aquele que sendo infinito, sem princípio nem fim, governa os tempos e as estações.

O Senhor do universo tem o Seu próprio calendário, a Sua agenda, o Seu plano. Parte desse calendário está disponível e acessível a todos os que quiserem, através da carta de amor que Ele deixou para nós – a Bíblia Sagrada – com a ajuda do Espírito Santo para a sua compreensão. Temos acesso ao Seu calendário de datas invisíveis, mas com sinais visíveis que anunciam aquilo que irá suceder. Revemos na terra esses factos acontecerem, cumprindo aquilo que Ele avisou que aconteceria. Aquilo que daria o sinal de que Jesus iria regressar. O que lemos na Palavra de Deus observamos no mundo que nos rodeia – nos fenómenos da natureza, na crise política e social, da guerra e poluição, do amor enfraquecido, da insegurança, do Evangelho a ser espalhado pelas estradas de terra, os caminhos de alcatrão e autoestradas da informação.

Estamos com os olhos na Terra, mas também a olhar para o Céu. O regresso esperado do Filho de Deus será inesperado, rápido e invisível, num ínfimo segundo (1 Coríntios 15:52). Sem falhas ou erros, justo e preciso na escolha daqueles que O irão encontrar nos céus e viver eternamente com Ele. Sem possível arrependimento ou mudança de atitude para os que dormem na sua negligência espiritual (Mateus 24:35 a 44). Jesus notificou a realidade da Sua vinda e explicou aquilo que O antecedia. Avisou como seria, quem ficaria e quem iria.

Os nossos olhos vêem aquilo que Mateus apenas registou (Mateus 24:1 a 14). Que outros factos necessitamos mais para estarmos (ainda) mais despertos espiritualmente? O apelo emergente é o mesmo escrito por Paulo na sua primeira carta à igreja em Tessalónica (1 Tessalonicenses 5:1 a 11), ou seja, que vivamos um cristianismo autêntico, compassivo, puro, santo, pentecostal e dedicado, aguardando o Seu regresso (in)esperado. Preparados enquanto palmilhamos a Terra com os olhos postos no Céu.

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria setembro 2019

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