31 de outubro - Halloween ou Reforma Protestante? A escolha é sua!


Quando chegamos ao fim do mês de outubro, começa a ser corriqueiro dar com a mesma coisa: preparação para a celebração do Halloween a 31 e Dia de Todos os Santos a 1 de novembro.  

VAMOS A DATAS
Se a celebração a 1 de novembro serve como memorial para que possamos recordar, não de modo a cultuar, mas como exemplos de vida, aqueles que já viveram antes de nós e deram a vida pelo Evangelho; a “festa” que se está a tornar comum na nossa sociedade a 31 de outubro não tem essa benesse.

É certo que após a Reforma Protestante, a data foi “cristianizada”, ou seja, foi reaproveitada para que nela seja celebrado um evento que aponte para o Evangelho, em vez de qualquer outra coisa que leve o povo a distanciar-se das Boas Novas que Jesus Cristo trouxe ao ser humano. Dado isto, porque o espaço de escrita é curto e o assunto merecia uma profundidade maior, o desafio que temos em mãos é: vamos submeter-nos à pressão consumista da sociedade (que importou para Portugal uma celebração que não nos diz nada) ou vamos focar-nos em celebrar algo que nos traz à memória a possibilidade de agir como os crentes de Bereia (ter a Bíblia na mão e por ela julgarmos tudo o que nos é apresentado como mensagem vinda de Deus)?


O MEU CORPO, AS MINHAS REGRAS
Esta é uma frase usada noutro contexto, mas que podemos reaproveitar para este assunto. Porque no fundo, sendo nós templo do Espírito Santo, devemos reconhecer que o nosso corpo não é apenas o que um dia se vai desmaterializar e voltar a ser pó (o dito “pó das estrelas” para citar Carl Sagan). É mais do que isso. Como templo do Espírito Santo temos a obrigação (e o prazer) de ser habitação de Deus. E com essa bênção, vem também a responsabilidade total que lhe é inerente. Escolher o que fazer com o nosso corpo é uma dessas coisas.

Temos, portanto, duas opções claras: seguir com a maré e fazer o mesmo que todos os outros ou agir como a Igreja Primitiva e marcar a diferença, não pela força, nem pela violência, mas pelo poder do Espírito Santo. E fazemos isso refletindo a vida de Cristo em nós, por outras palavras, procurando pensar e agir como Jesus. Ele é o exemplo máximo de vida ligada ao Pai. E é com base no Seu exemplo, que lemos em Atos 2:42-47, as características fundamentais de uma comunidade cuja fé causa impacto na sociedade. O compromisso com Deus era de tal ordem, que genuinamente os apóstolos, discípulos e restante igreja em Jerusalém, eram tidos em boa conta pela sociedade. Eles marcaram a sociedade, não por força de um evento saudosista, mas pela continuidade diária e da opção por amar o próximo, em vez de amar a sua própria barriga…


BEATI QUI AMBULANT IN LEGE DOMINI
Ou em português corrente, “abençoados/benditos são aqueles que andam segundo/na lei/vontade de Deus”. É isto que somos chamados a ser, sobretudo no mundo em que vivemos, onde assistimos a um regresso do paganismo na Europa, a uma normalização e exigência de aceitação social dos cultos animistas na América do Sul e África, há exportação do budismo enquanto prática de bem-estar a partir da Ásia… Toda uma panóplia de movimentos religiosos que procuram o seu espaço, que são aceites socialmente por serem uma novidade em relação ao cristianismo, mas que falham em transmitir a salvação oferecida por Deus.

Não tenho problemas em admitir que face a tudo isso, no lar onde vivo, com a minha esposa e filho, optámos por celebrar o Dia da Reforma Protestante. Não o encaramos como apenas mais um dia, um pseudo-feriado ou uma festividade religiosa. Olhamos para essa celebração com gratidão porque Deus providenciou um modo de as Sagradas Escrituras não ficarem fora do acesso da sociedade. Celebramos não as ditas 95 teses de Lutero, nem as 5 Solas, mas sim a possibilidade de lermos na nossa língua materna os 10 Mandamentos, o Sermão do Monte, a descrição do que é o Fruto do Espírito. Festejamos e celebramos com os salmos, ao mesmo tempo que eles nos servem de consolo. E o livro de Provérbios, é visto e lido como um mini-manual de instruções que Deus nos entrega.

Relembramos a importância de agir de modo correto, mesmo que isso implique ser mal visto e perseguido por uma sociedade cada vez menos convicta da sua herança judaico-cristã e mais diluída no seu próprio reconstruir histórico.

Mas não fazemos do Dia da Reforma Protestante mais do que ele é. Um dia de celebração, mas que deve ser sempre encarado e lido culturalmente a partir da Bíblia. Ou seja, se o queremos celebrar e levar a sério, então temos de levar Deus e a Sua Palavra escrita ainda mais a sério. Porque não o fazer, é “travestir” aquilo que marca a história da Humanidade, como uma espécie de saída de uma época de trevas para uma época de luz.

E essa luz é a luz das nações, Jesus de Nazaré, aquele que veio tirar-nos das trevas para a luz, que foi cravado no madeiro por nós, não uma tese (ideia) mas a suma (a conclusão ou ponto alto) da libertação do ser humano do preço do pecado. O meu desafio é que possa olhar para o dia 31 de outubro não como o dia em que algumas pessoas se mascaram, festejam coisas que desconhecem, em memória do que não lhes é proveitoso. Use essa data para ativamente partilhar o Evangelho, mas não deixe que as suas palavras caiam no descrédito por conta de um comportamento inadequado durante o resto do ano.

Todos os dias são do Senhor, este é mais um, mas um no qual temos a oportunidade de socialmente reclamarmos um espaço e assumirmos claramente que somos herdeiros do espírito da Reforma de 1517: o de uma Igreja que não abandona os seus fundamentos, mas que procura ativamente contextualizar o modo de pregar o Evangelho à época em que vive.

Ricardo Rosa
in Novas de Alegria outubro 2019

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