Princípios essenciais para uma Escola Dominical relevante
Há tempo estava a conversar com um amigo pastor acerca do
trabalho com esta nova geração. As necessidades e dificuldades inerentes, os
desafios que estão à nossa frente. Ele disse algo com o qual concordo
plenamente “precisamos apresentar as
mesmas verdades, mas com uma nova roupagem”.
Quando penso na minha infância e na Escola Dominical da
altura, preciso ser honesta: era um ensino relevante para a minha geração numa
linguagem que compreendíamos. No entanto, grande parte dessas pessoas
perdeu-se, principalmente na adolescência. O mesmo tem acontecido noutras
gerações posteriores e anteriores a esta. Denota-se uma realidade: falhou
alguma coisa.
Poderíamos apontar muitas causas para esse factor: a
realidade da igreja local, a progressiva alienação da família em relação à sua
responsabilidade da educação global dos filhos (vida cristã incluída), as
transformações da sociedade nos anos 80 (pós 25 de Abril), entre tantas.
Quero lembrar três coisas que se tornam relevantes ainda
hoje para revitalizar a Escola Dominical: o
que ensinamos, como ensinamos e quem somos. Para isso, vamos pensar no
melhor comunicador e professor de todos os tempos: Jesus. Ele era Mestre e O
ensinador por excelência.
A base – o que ensinamos
Ele tinha
conhecimento completo e claro das Escrituras. Lemos diversas passagens em que
Jesus utilizou excertos do Antigo Testamento. Lembram-se como Ele se defendeu
na tentação de Satanás? Através da Palavra de Deus.
Como ensinadores deste
Século, precisamos ter sólidas bases doutrinárias e não nos ficarmos pelo
“ABC”. Ler, estudar, investigar. É preciso ter para dar àqueles a quem
ensinamos que, hoje mais do que nunca, exigem respostas concretas para as
questões relevantes dos nossos dias. Os currículos e outros recursos podem ser
excelentes como ferramentas, mas a “matéria prima” deve estar na nossa mente e
no nosso coração – a Palavra de Deus.
A técnica – como ensinamos
O ensino de Jesus
não era apenas expositivo. Ele usou as situações mais diversas como métodos de
ensino interactivos. Serviu-se das tempestades para demonstrar aos Seus
discípulos que Ele era o Deus todo-poderoso. Utilizou os lírios e as aves para
explicar a Sua provisão para o homem. Porque é que Jesus pediu água à mulher
que estava junto ao poço? Ele podia ter tirado água para si mesmo, certo? Foi a
forma de captar a atenção e ensinar algo que transformaria a vida daquela
mulher para sempre e, por consequência, a tornaria Sua testemunha.
Não sejamos
escravos de métodos, mas utilizemos aqueles que podem ser mais eficientes para
as pessoas que queremos alcançar. Um grande ensinador do Século XX, Howard
Hendricks disse “Devemos morrer pela
nossa mensagem, não pelos nossos métodos”. Esta geração precisa ser
alcançada com métodos que levem os mesmos conteúdos da Palavra de Deus mas numa
nova embalagem.
O exemplo – quem somos
Mas Ele ía mais
longe. Jesus tinha a sensibilidade de comunicar de acordo com a audiência que
estava à Sua frente, não só através de palavras como do Seu exemplo. Quando
lavou os pés aos discípulos, deu uma grande lição de serviço e humildade, bem
melhor que qualquer discurso sumptuoso. Ele não só falava acerca de amor, como
também o fazia – e Ele amou ao ponto de morrer por aqueles que não O amavam.
E nós? Esta
geração precisa de pessoas que sejam exemplo. As nossas lições precisam ser
compatíveis com as nossas acções. Como Jesus, é preciso uma proximidade que nos
comprometa a ser cristãos lado a lado com aqueles a quem ensinamos. Eles podem
esquecer as nossas palavras mas irão ser marcados para sempre pelos nossos
actos. Como Jesus, devemos depender do Pai, passar tempo com Ele e escutar a
Sua voz para que possamos reflectir O seu carácter àqueles que nos rodeiam.
Se queremos criar
uma geração de cristãos equilibrados e saudáveis, que seja igreja hoje e dê a
mão à igreja de amanhã, precisamos reflectir na nossa forma de ensinar. Ter a
base sólida da Palavra, comunicá-la de forma relevante para eles e viver de
forma coerente com aquilo que ensinamos, afinal, são três coisas simples e mais
que importantes, são urgentes e essenciais na Escola Dominical do Século XXI.
Ana Ramalho
in revista Novas de Alegria, suplemento NAObreiro, Abril 2007
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