Reforma em crise
É do
conhecimento comum. Não é necessário ser um expert
em fenómenos sociais para verificar a actual crise no sistema de Segurança
Social, basta estar atento às notícias. Existem inúmeros estudos a comprovar
que, se não houver medidas eficazes, aqueles que hoje trabalham e descontam
tendo em vista a reforma, arriscam-se a ficar de mãos vazias quando atingirem a
idade de cessar as suas funções profissionais. Há uma crise na Segurança
Social. Há uma crise na reforma.
Focando
a nossa atenção noutra Reforma - a Protestante – dirigida por figuras como
Martinho Lutero, João Calvino e outros, o que verificamos? A “velha Europa”,
berço da Reforma Protestante, palco de inúmeros avivamentos, apresenta um
défice enorme relativamente ao Cristianismo. O nosso continente afasta-se dos
valores cristãos, para não falar do próprio Cristo que desapareceu como
referencial em muitas sociedades.
A
religiosidade domina a passos largos. O espírito anti-cristão adormece as
lideranças politicas. A igreja de maneira genérica está, sem dar por ela,
anestesiada pelo conforto, distraída e até enganada na forma como gere as suas
prioridades.
Estamos
num país que, mesmo assim, ainda permite que façamos evangelismo com relativa
liberdade. Imaginemos os nossos irmãos que vivem na Europa industrializada e
evoluída mas que, por exemplo, não têm hipótese de entrar nas escolas para
levar o evangelho aos mais novos. Portugal é dos poucos países em que as portas
estão abertas para esse trabalho. Estaremos nós a aproveitar? Será que quando
matriculamos os nossos filhos os desculpamos por terem muitas ocupações e não
os inscrevemos na disciplina de Educação Moral e Religiosa Evangélica? Não será
que estamos, dissimuladamente, a trocar a Grande Comissão pelo Grande Conforto?
Abandonemos
os factos negativos por momentos e olhemos para as oportunidades que esta crise
traz. Uma nova geração em busca da espiritualidade, seguindo caminhos
divergentes e antagónicos a Deus... está nas nossas mãos mostrar-lhes a rota
certa. Uma geração adulta gasta pelos desaires da vida, desiludida, sem
esperança... está nas nossas mãos sermos gente pentecostal que serve e se
aproxima do outro, que mostra a sua dependência de Deus, desmontando a imagem
irreal de Super-Crentes Infalíveis. Uma geração que cresce na igreja mas não
tem compromisso permanente com Deus... está nas nossas mãos investir tempo na
construção de pontes através de relacionamentos, procurando fazer o que os
nossos pioneiros também nos ensinaram: discípulado.
No
meio da crise, temos uma grande oportunidade: ser Igreja. Não uma igreja de
rótulo, mas um organismo ligado a Jesus, o Cabeça. Que possamos, em conjunto,
baixar o défice de Cristo no Cristianismo desta Europa que, mais que reformada,
precisa ser transformada. Isso acontecerá quando nos afirmarmos como cristãos
comprometidos em coisas tão simples como matricular os nossos filhos.
Não se conformem com os padrões e costumes dete mundo, mas
sejam como gente diferente, através da renovação da vossa maneira de pensar. E
dessa forma conhecerão o que Deus deseja que façam, e verão como a sua vontade
é realmente boa, agradável e perfeita.
Romanos 12:2 (O Livro)
Ana
Ramalho
in revista Novas de Alegria, Outubro 2007
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