Jesus e os rótulos
Há tempos, num almoço com um velho amigo, falávamos
acerca do modo como é tão fácil colocarmos rótulos nas pessoas... Se
reflectirmos acerca das nossas atitudes, percebemos como os nossos
relacionamentos dependem em parte dos preconceitos resultantes desses rótulos.
Não há dúvida que
somos propensos a catalogar os outros, como se fosse possível a Humanidade ser
um grande armazém, cheio de prateleiras e armários, com tipos de pessoas bem
diferenciados. E começamos a fazer a lista: políticos, religiosos, funcionários
públicos, prisioneiros, prostitutas, toxicodependentes, ateus, alcoólicos,
doentes, saudáveis, cristãos, muçulmanos, asiáticos, negros, brancos, etc.
É interessante
pensar que Jesus dividia apenas as pessoas em duas categorias: os que eram Seus
discípulos e os Seus "pré-discípulos". Ou seja, os que O seguiam e
aqueles que não O seguiam, mas que Ele queria alcançar com o Seu amor. Em
relação ao segundo grupo, não eram tratados como "aqueles", nem "os
outros"... mas como pessoas com valor.
O que Cristo fez
foi aproximar-Se daqueles que, aos olhos dos religiosos e da maioria, não
mereciam uma segunda oportunidade. Ele não colocou o rótulo
"impossível" porque, para Ele, tudo é possível. A mudança de vida
para a prostituta foi possível. Uma vida honesta para o cobrador de impostos
foi possível. A mulher envolvida em adultério foi perdoada e convidada a mudar
radicalmente a sua vida. Foi possível transformar o coração de um homem que
perseguia os outros, motivado pelo excesso de zelo na sua religião, num novo
Saulo.
Para Deus, tudo é
possível, mas temos sempre uma decisão a tomar da nossa parte. Enquanto a porta
da salvação está aberta, todos são chamados a entrar por ela. O olhar
compassivo de Jesus permanece, apesar de ser rejeitado literal ou
inconscientemente por alguns de nós. O Seu desejo de salvar esta geração é o
mesmo que há 2000 anos atrás.
A nossa posição,
depende da nossa fé e vivência em Cristo. Ou estamos n'Ele ou não estamos
n'Ele. Depende sempre da minha decisão e do compromisso de viver ligada a Ele
dia-a-dia e, por isso, ser um instrumento moldado pelo Seu amor para alcançar
aqueles que ainda não O conhecem. Ser um canal de reconciliação daqueles que
deixaram um dia a casa do Pai e, hoje, não têm coragem para regressar.
Gosto da expressão
que Paulo usa quando fala aos cristãos de Corinto “Se alguém está ligado a Cristo transforma-se numa nova pessoa; as
coisas antigas passaram; tudo nele se fez novo! Tudo isso é obra de Deus, que
nos reconciliou consigo mesmo, através daquilo que Cristo fez por nós e nos
confiou a missão de anunciar essa mesma reconciliação.” (2 Coríntios
5:17-19 – versão “O Livro”).
“Deus, ajuda-me a
olhar para os outros como Tu olhas. Ajuda-me a viver ligada a Ti para ser
instrumento do Teu amor”.
Assim seja!
Ana Ramalho
in
revista Novas de Alegria, Maio 2009
Comentários