Deve ser horrível ser Jesus no Natal!
Era época de
Natal. Estava na minha viagem de casa para o trabalho quando escutei uma
mensagem que me deixou a pensar.
Numa estação de
rádio, o locutor transmitia os votos natalícios de uma das ouvintes. O teor
era, mais ou mesmo, este: “Desejo que nesta quadra os nossos corações se unam e
que a luz do nosso interior torne este Natal melhor. Que a força interior de
cada um, ligada entre si, possa tornar o Natal possível todos os dias em nós e
no mundo à nossa volta.”
Comecei a reflectir:
o que Jesus dirá ao escutar estas palavras? Veio à minha memória o texto que li
semanas antes “Deve ser horrível ser Deus”1, e parafraseei “Deve ser
horrível ser Jesus no Natal!”
É difícil pensar
que a pessoa que estamos a homenagear [supostamente], é esquecida e
substituída. Já nem estou a falar do consumismo exacerbado que cultivámos,
desviando o valor da celebração para o prazer materialista de um momento... Neste
caso era um espiritualismo generoso, mas vazio de motivos. Auto-centrado e não
Cristo-centrado.
Celebrar o Natal
sem mencionar sequer o nascimento da Maior dádiva da humanidade é uma fraude!
Falar do espírito do Natal sem reconhecer a fonte é plágio!
Mas... Jesus não é
como nós! Espanta-me saber que esse mesmo Jesus que esquecemos num presépio,
num postal, no papel de embrulho amachucado na noite da consoada, nas memórias
de infância, ou mesmo no vazio, continua de mãos abertas para nos receber e
fazer acontecer em nós o verdadeiro Natal!
Se Jesus nos
retribuísse como nós Lhe retribuímos, a desgraça seria completa. Mas a Sua
graça é maior do que a nossa desgraçada condição humana.
Somos ingratos,
inconstantes, presunçosos, elitistas, orgulhosos, falsos, irritadiços,
mesquinhos, depravados... e Ele é assumidamente amoroso, bondoso, justo, santo,
eterno, constante, imutável. Um Deus tão oposto a nós, mas tão desejoso de Se
relacionar connosco!
O mais
interessante nisto tudo é que quem precisa desesperadamente d’Ele sou eu, és
tu, é cada ser humano. Ele não preciso de nós... mas Ele ama-nos.
O Natal é a
demonstração clara desse desejo de Deus em ser o nosso Pai e Senhor. As
decisões erradas que tomamos (até em pensamento) separam-nos de viver em
plenitude esse relacionamento que, realmente, nos preenche, dá força interior,
e transforma-nos gradualmente em pessoas melhores.
A prenda de Deus
para remover tudo o que nos separava d’Ele custou caro, mas hoje é um presente,
gratuito. Jesus, o Filho de Deus, deu-Se numa vida humana e numa morte desumana
para remover completamente essas barreiras, criadas por nós – o pecado.
Agradece-Lhe hoje
por isso e, se ainda não recebeste este valioso presente, tens uma
oportunidade. Celebra o verdadeiro Natal, não num acto exterior, mas no coração
preenchido pelo amor de Deus.
“... quando Maria e José chegaram para apresentar o
menino Jesus ao Senhor em obediência à lei, Simeão estava lá. E tomando a
criança nos braços louvou Deus: Senhor, agora posso morrer satisfeito, pois vi
aquele que tu me prometeste que veria! Vi o Salvador que deste ao mundo.” (Lucas 2:27-31, versão “O Livro”)
Ana Ramalho
1 Titulo do artigo da autoria de João César das Neves, publicado no Jornal
Diário de Notícias de 22/09/08.
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