Pão ou salada russa?
Depois de uma
época de festas, a melhor alimentação é a mais simples... especialmente se
abusámos em condimentos que sabem bem, mas fazem mal.
Depois da recheada
mesa da Consoada ou do Ano Novo, ficamos a “cozidos e grelhados”. Para
acompanhar o peixinho, certamente que sabia bem uma sala russa, mas será mais
acertado pãozinho acabado de cozer... Nestas alturas precisamos decidir: o mais
saboroso ou o mais saudável?
E isto para não
falar de outra “comida”... Auto-ajuda.
Meditação transcendental. Yoga. Aromaterapia. Astrologia. Numerologia.
Pensamento positivo. É só escolher! A “ementa” é inesgotável. Abrem-se os guias
astrológicos para 2010, cheios de conselhos e dicas para todos os ditos
“signos”. As “receitas” estão lá. Mistura-se um pouco de previsibilidade com marketing, vai ao forno da insegurança,
e serve-se com um pouco de mistério e esoterismo...
Estes e outros
“pratos” servem de alimentação para a alma de quem tem fome e sede de um
propósito, de ter algo em que possa confiar.
Um dia fiz um
exercício simples. Troquei o nome dos signos em relação às respectivas
previsões... Cheguei à conclusão que “prever uma probabilidade tão provável”
não tem muita ciência... E questionei como é que podemos ser levados a
acreditar em algo assim. Porque é que procuramos sentido e bem-estar interior
de formas tão diversas?
Talvez porque o
mundo religioso tradicional tenha sido uma desilusão, ou não tenha respondido a
essa necessidade. Uma má experiência no passado com algum “dito” cristão. Uma
educação laica. Uma vida cheia de erros, colocando Deus como um ser
inacessível, a quem devemos provar que merecemos a Sua atenção. Uma necessidade
de “auto-controlar” a vida sem ter que se submeter a alguém – mesmo que seja um
Ser amoroso.
O capitalismo
desiludiu-nos. O racionalismo não respondeu a tudo. A religião revelou-se
insuficiente. Mas, o sobrenatural desafia-nos... é natural! Desde sempre que o
ser humano procurou uma relação com o mundo espiritual – à sua maneira. Essa
busca chegou a um auge, a um autêntico “banquete” de supostas soluções que,
pelos vistos, ainda não nos satisfizeram, porque a procura continua... e a
variedade não pára de aumentar.
A boa notícia é
que não precisamos fazer uma “salada russa” de ingredientes esotéricos para
alcançar a plena satisfação interior.
Talvez tenhamos
que voltar-nos para uma simples relação com uma só pessoa que nos dê tudo o que
realmente necessitamos. Pão do Céu, que nos encha a alma e nos dê um propósito
eterno. Uma ideia utópica? Simplista? Talvez uma experiência pessoal com
resultados reais (minha e de milhares de pessoas ao longo dos séculos).
Jesus disse “E eu sou o pão da vida, que veio do céu.
Quem comer deste pão viverá para sempre; a minha carne é esse pão, que darei
para dar vida à humanidade.” (João 6:51, versão “O Livro”)
Aceitar que temos
feito uma má alimentação espiritual, à nossa maneira, que temos falhado em ser
coerentes tantas e tantas vezes. Ter a humildade de receber de modo positivo
esta relação que sempre esteve disponível para nós.
Pão ou salada
russa? Faça a sua escolha.
Ana Ramalho
in
revista Novas de Alegria, Janeiro 2010
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