What else*...
Uma máquina de café, um piano em queda livre, uma personagem
que passa para o outro lado da vida.
De seguida o
anúncio mostra-nos um diálogo entre uma personagem “terrena” e outra
“celestial”. Não percebemos se o imaginário dos publicitários nos traz uma
tentativa de representar Deus, Pedro ou um anjo. O que percebemos, no terminus do anúncio, é que a marca de
café é tão valiosa que podemos usá-la para negociar com o Céu.
Rimos no
final... mas será que a cena imaginada é assim tão diferente do nosso modo de
pensar?
Talvez a
mentalidade religiosa que herdámos de séculos esteja mais impregnada nas nossas
células do que imaginávamos. Uma vida renascida em Deus, mas uma mente com
necessidade vital de ser renovada para não ficar conformada.
“Fazer negócio
com Deus? Jamais...” dizemos, levantando a bandeira da graça, enquanto subimos
o monte das tradições que nos aprisionavam e esmagamos por um momento a cabeça
da velhinha “salvação pelas obras”. Se calhar temos mais imaginação nesta defesa
enigmática que o publicitário da máquina de café em cápsulas.
Quando faço
qualquer coisa para que Deus me faça uma “festinha” na cabeça e me dê um “rebuçado”,
estou a fazer negócio com Deus. Quando penso que o meu currículo
espiritual O vai impressionar tanto que vou ter um cargo que me leve a ter
poder, estou a fazer negócio com Deus. Quando imponho condições e faço “birrinha”,
estou a fazer negócio com Deus. Quando ofereço os meus bens com a expectativa
de ter 10, 100, 1000 vezes mais, estou a negociar com Deus. Quando uso uma
falsa humildade que esconde o orgulho do interior empobrecido, procurando obter
elogios e benesses, estou a negociar com Deus.
O amor de Deus
não varia, mesmo que eu avarie no caminho. A graça de Deus permanece, mesmo que
eu O abandone. A fidelidade de Deus é sempre presente, mesmo quando me ausento
na minha infidelidade.
Que as minhas
acções sejam uma resposta ao Seu amor. Que os meus pensamentos exprimam
gratidão pela Sua graça. Que o meu caminhar declare um desejo de ser fiel Àquele
que me garante a Sua fidelidade.
“Tão rica é a generosidade da sua graça, que ele pagou a
nossa libertação através do sangue do seu Filho, e os nossos pecados foram
perdoados. Graça essa que se traduziu abundantemente nas nossas vidas em
sabedoria e compreensão, sendo assim possível termos conhecimento do plano que
Deus tinha arquitectado a favor da humanidade, mas que mantivera por revelar
até ao momento que ele próprio marcou.” (Efésios
1:7-9, versão “O Livro”)
What else*...
Ana
Ramalho
*Frase
publicitária da marca Nespresso, que significa “Que mais...”
in
revista Novas de Alegria, Março 2010
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