Caminho(s)
Engano.
Ilusão. Pensava que o que via era real, confiável e permanente, mas o resultado
foi mais do que oposto.
Caminhei
na direcção que me apeteceu. Atrás e à frente de muita gente que pensava estar
certa, como eu. Achei que a corrida frenética pelo aqui e agora era a solução
para uma vida intensa, mas mal acabava o efeito de uma dose de ilusão,
precisava de outra, e outra, e outra... uma sensação insaciável.
Prossegui
os dias a mudar de estratégia, mas no mesmo sentido – cada vez mais
descendente. Passei do prazer para o moralismo. Do “faz tudo” para o “não faças
nada”. Julguei que se ficasse acima dos outros, moralmente, poderia apagar a
insatisfação interior. Mas se nem uma garrafa alcoolizada o fez, muito menos a
embriaguez da minha falsa rectidão. Por mais que me tentasse auto-emendar por
fora, continuava a apodrecer por dentro.
Finalmente
concluí que o altruísmo seria o escape para a sede cada vez maior que morava no
meu coração. Dei, ajudei, ouvi, apoiei... mas esse caminho bonito não me
preenchia.
Mantive-me
em marcha, algumas vezes em forma circular, mas a maioria das vezes numa
espiral, em queda vertiginosa. Perdi anos a viver assim. Andei por aqui e por
ali, de aventura em aventura, de investida em investida, à espera de descobrir
o tesouro certo, mas estava no lugar errado.
As muitas
propostas, caminhos e soluções à la carte
que pude experimentar, trouxeram-me para a conclusão simples mas não simplista
de que era preciso uma alternativa - “A” alternativa.
Nas
páginas do Livro dos Livros, descobri que “há
caminhos que ao homem parecem rectos, mas que, no fim, conduzem à morte. (...)
O ingénuo acredita em tudo o que se diz; o prudente reflecte antes de dar um
passo. O sábio receia o mal e desvia-se dele; o insensato vai para a frente e
julga-se seguro.” (Provérbios 14:12,15,16, versão “A Bíblia para Todos”).
Era a radiografia da minha vida.
Mais à
frente, nos Evangelhos, Jesus elucidou-me ainda mais “só pela porta estreita se pode entrar no céu. A via para o inferno é
larga, e a sua porta é ampla bastante para todas as multidões que escolherem
esse caminho fácil. Mas a porta da vida é pequena, o seu caminho é estreito, e
poucos o encontram.” (Mateus 7:13-14; versão “O Livro”). O Céu é a
companhia eterna com o Deus bondoso, justo, misericordioso e santo. É a Casa do
Pai, que juntará os Seus filhos, que decidem viver com Ele e para Ele ainda em
vida. O Inferno, destinado aos anjos que se rebelaram contra Deus e,
consequentemente, a todos os que decidem permanecer no caminho do seu coração,
é o pouso de uma vida imortal, sem repouso final.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida, respondeu
Jesus. Ninguém pode chegar ao Pai sem ser por mim.” (João 14:6, versão “A Bíblia para Todos”). Precisava entrar neste
caminho. Precisava reconhecer como os meus caminhos foram e continuariam a ser,
um desastre com máscara de felicidade. Jesus, o Caminho, é a via para a paz, o
conforto, a esperança, a felicidade... mas, antes de tudo, é Aquele que fez o
caminho que eu devia ter feito. Ele foi até à morte, numa cruz bárbara e
imerecida, pagar a preço sofrido e machucado, o meu caminho horrendo e infeliz
– a vida encharcada no meu pecado. Por mim e por todos. Por todos e por cada
um.
E é este
“O” caminho que eu sigo. Alegre, mesmo nos apertos. Esperançoso, mesmo nos
vales. Seguro, mesmo que invisível. A alternativa certa para a vida é só uma:
Cristo.
Ana Ramalho Rosa
in
revista Novas de Alegria, Outubro 2011
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