O alvo e as testemunhas
Enquanto
os atletas entravam, uma multidão peculiar aplaudia. Num estádio repleto,
sem bancadas VIP. Apenas o som
estridente daquela gente, outrora no campo, alvo dos olhares alheios e do
cuidado divino.
Não se trata de uma multidão enfurecida
pelas anomalias da vida, nem orgulhosa pelas vitórias resplandecentes que deram
tinta às páginas marcadas das Escrituras. Homens e mulheres comuns
extraordinariamente agraciados pelo Deus do impossível, nos altos montes do
sucesso e nos profundos vales da doença, da sombra e da morte.
Ali estão eles, como que olhando para
nós, corredores dessa outrora maratona árdua, desafiante e tremenda, que um dia
findou quando atingiram a meta. São uma inspiração pela confiança que
depositaram numa promessa que não viram enquanto respiraram, mas que os fizeram
respirar e avançar.
Essa promessa está agora diante de nós.
É o nosso alvo, o nosso alento. Corremos não por um prémio solitário de pódio
exaltante, mas num trabalho solidário no qual queremos que outros cheguem
connosco ao fim.
Esse alvo, essa promessa é o que nos
faz lutar, porque Ele lutou. Ele sabe. Ele compreende. A Sua luta foi a mais
difícil que alguém alguma vez travou, numa maratona de piso escorregadio,
passada por recantos sombrios e habilidosas tentações.
O Seu destino era uma cruz, a morte,
para depois receber a vitória sobre a morte, ser exaltado e dar-nos a vida, se
assim o desejarmos. Ele correu não por Ele mas pelo Pai, por nossa causa, para
Sua alegria.
Enquanto tentamos percorrer o Caminho,
as solicitações para nos distrairmos, para nos desviarmos, pararmos e
retrocedermos são uma constante. A vida aclama-nos para nos embaraçar. O pecado
seduz-nos para nos destruir. Calamo-nos perante o Seu exemplo e clamamos pela
Sua ajuda. A nossa coragem vem d’Ele. A nossa força está n’Ele. A nossa fé é
aperfeiçoada por Ele no meio de todas as circunstâncias.
“Todos estes, embora tendo tido a prova de
que Deus tinha satisfação neles, não receberam o que ele lhes tinha
prometido. Porque Deus tinha reservado
para nós coisas melhores, e queria que eles viessem também a participar delas
juntamente connosco. Portanto, nós também, visto que estamos rodeados por uma
tão grande multidão de testemunhas, vidas que são exemplos da fé, deixemos tudo
aquilo que nos embaraça, e o pecado que nos envolve tão de perto, e corramos
com perseverança a carreira que nos está proposta. Olhemos para Jesus. Ele é a
fonte da nossa fé e aquele que a aperfeiçoa, o qual, pela alegria que lhe
estava reservada, suportou a cruz, aceitando a humilhação, vindo a sentar-se no
lugar de maior honra à direita do trono de Deus. Pensem bem em tudo aquilo que
ele suportou da parte dos pecadores, para que não venham a enfraquecer,
desencorajando-se.” (Hebreus 11:39,40-12:1-3, OL)
Vale a pena começar, permanecer e
terminar esta corrida. Com Jesus, em Jesus e para Jesus.
Ana
Ramalho Rosa
in
revista Novas de Alegria, fevereiro 2013
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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