“É de pedir aos céus...”
“É
de pedir aos céus, A mim, a ti e a Deus, Que eu quero ser feliz.”1 Não
é este o refrão que se escuta nos olhares desenganados pelos dias, nas vozes
que escrevem razões de desesperança, nas letras marcadas pelo ritmo atroz do
medo do futuro?
Se
a canção dá mote à ficção televisiva, o conteúdo exprime o anseio real do
coração. Procura-se a felicidade pessoal mais do que qualquer outra coisa. Espera-se
que ela nos chegue de mão beijada, ou pelo nosso extremo esforço.
No
meu tempo de adolescente recolhi uma publicidade que me acompanha desde essa
altura, com a seguinte frase: “quando não
sabemos para onde queremos ir, todos os caminhos são errados.” Cada vez que
olho para aquela folha, já gasta pela exposição ao sol e pelo tempo, imagino o
ritmo frenético em que muitas vezes andamos, sem saber bem para quê, nem para
onde.
A
tentativa de encontrar o verdadeiro significado e a realização vai-se fazendo
pela vida fora. Seja através de uma carreira ascendente. Do casamento com o
“par perfeito”. Daquilo que se faz em prol dos menos favorecidos. Da fama, do
poder, do dinheiro, do prazer. Mas, quando alcançamos aquela posição na
empresa, quando nos comprometemos a viver a dois, quando o sucesso financeiro
chega, o sorriso daqueles que ajudámos nos mima ou somos estrelas procuradas
pelos paparazzi, o “efeito lua-de-mel”
entretanto passa... e volta a insatisfação.
De
facto, andamos de um lado para o outro, de um emprego para outro, de uma
relação para outra, de uma cidade para outra, de um casting para outro, à procura de não sabemos bem do quê. Esta busca
que vem desde sempre agarrada ao vazio insatisfeito de cada ser humano é um
anseio pela água que mate a sede de paz, pelo pão que sacie a fome de alegria.
Foi
o que aconteceu com a mulher samaritana. Depois dum encontro com Jesus, aquela
mulher entende que finalmente achou aquilo que precisava, mas não imaginava. “A mulher disse: Eu sei que há de vir o
Messias, chamado Cristo, e que quando vier nos explicará tudo. Então Jesus
disse-lhe: Sou eu o Cristo. (...) A mulher deixou o balde junto ao poço e,
voltando para a aldeia, disse a toda a gente: Venham ver um homem que me disse
tudo o que eu fiz! Não será ele o Messias? Então o povo veio a correr da
localidade para o ver.” (João 4:25-26, 28-30, OL).
Noutra
ocasião, Jesus disse: “O pão verdadeiro
é uma pessoa: é aquele que foi enviado do céu por Deus e que dá a vida ao
mundo. (...) Eu
sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá fome. Quem crê em mim nunca terá
sede.” (João 6:33 e 35, OL)
Jesus
é Aquele que satisfaz a nossa alma sedenta, o nosso coração esfomeado. Ele é o
caminho que nos leva ao Pai (João 14:6). E, quando arrependidos das nossas
escolhas erradas, dos nossos pecados, e desejosos de viver uma vida
transformada por Ele, O seguimos, faça chuva ou faça sol, sabemos de onde vimos
e para onde vamos.
A
nossa canção é diferente. Não precisamos pedir para sermos felizes, porque
somos mais do que felizes. Temos algo inigualável que Jesus ganhou para nós na
cruz – a Salvação. Temos cá dentro a certeza que nos dá paz e tranquilidade –
somos filhos de Deus (Romanos 8:16). Temos a alegria do Senhor, que é a nossa
força, sejam quais forem as circunstâncias (Neemias 8:10).
Ana
Ramalho Rosa
1
refrão de A Máquina (acordou), interpretado pelos
Amor Electro
in
revista Novas de Alegria, abril 2013
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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