Paz?
A violência em vários extratos
sociais foi notícia no passado mês de maio nos diversos meios de comunicação
portugueses.
O mesmo adjetivo, “violentos”,
para adolescentes, adeptos desportivos, agentes da polícia, clientes... Os
vídeos repetiam-se, noticiário após noticiário. Entrevistas, reportagens e
opiniões acerca de casos isolados, foram-nos entrando pela casa a dentro, como
se de uma novidade se tratasse.
E, qual a novidade, afinal? Hoje
estamos expostos a cenas violentas, de forma brutal. A violência verbal,
psicológica e física nunca foi tão vulgar nem tão banalizada. Não me quero
alongar neste ponto, até porque, na edição de maio que dedicámos à família, a
Dr.ª Elsa Correia Pereira escreveu acerca deste tópico o interessante artigo “Violência:
Sociedade, Media e Família”.
O título deste artigo surge como uma questão, antagónica ou consequente desta realidade constatada: Paz? Onde está ela? Será possível ou verdadeira? Um aperto de mão que passa ou um compromisso que se honra? O ódio, do alto do seu trono instalado nas mentes e corações, toma conta das nossas palavra e atitudes. Seja em casa ou no trabalho, no estádio ou na escola, na pastelaria ou na praça, face a face ou corpo a corpo, nas redes sociais ou na rua...
Assim como o ódio é o agente que produz a violência, a
paz também é o resultado de alguma coisa. Jesus disse que nos daria a Sua paz –
não uma “paz podre”, passageira ou de fachada “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.
Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João 14:27)
Há quem diga que paz não é a
ausência de guerra. Para mim, paz é ausência de guerra... mas uma guerra
interior. A paz, a verdadeira e genuína, começa quando há uma rendição do nosso
ego, quando desistimos de lutar pelos nossos meios e nos rendemos ao amor
verdadeiro. Amor verdadeiro gera paz verdadeira. Deus é amor (1 João 4:8).
Quando é Deus que está no trono da nossa vida, verdadeiramente e todos os dias,
há um processo de transformação – do ódio para o amor, da violência para a paz.
“É que quando alguém está unido a Cristo torna-se uma pessoa nova. As
coisas antigas passaram. Tudo é novo. Isto é obra de Deus que, em Cristo, nos
reconciliou consigo e nos chamou a colaborar nessa missão de reconciliação. Assim,
Deus, por meio de Cristo, reconciliou consigo a Humanidade, não tendo em conta
os seus pecados e encarregando-nos de anunciar a palavra da reconciliação. Portanto,
somos embaixadores de Cristo e é Deus que exorta por nosso intermédio. Em nome
de Cristo vos pedimos, irmãos, que se reconciliem com Deus. Cristo não tinha
cometido pecado, mas Deus, para nosso bem, tratou-o como pecador para que nós,
em união com ele, pudéssemos ser considerados justos por Deus.” (2 Coríntios 5:17-21, BPT)
Reconciliação significa que dois
lados que estavam em guerra fazem as pazes. Nós – todos e cada um – estávamos
de costas voltadas para Deus ou desdenhávamos d’Ele, de caras. Essa nossa
atitude rebelde ou desinteressada levou-nos para longe da Sua graça e amor – da
Sua paz.
Jesus veio ao mundo para
morrer por nós – para nos dar essa paz (João 3:16, Romanos 5:1). Os
pacificadores de que Jesus fala são aqueles que, ao serem transformados por
Deus, vivem para que haja paz – eles pertencem a um Reino de paz (Mateus 5:9,
Romanos 14:17). O resultado do trabalho do Espírito Santo em nós é, entre
outras coisas, amor, paz e alegria (Gálatas 5:22 e 23).
O mundo precisa de
embaixadores da paz – que façam “guerra” com atos de bondade e amor genuínos,
sendo sal que cria sede naqueles que vivem escravos do ódio e da violência,
sendo luz que aponta para o Reconciliador dos reconciliadores - Jesus.
Ana Ramalho Rosa
in
revista Novas de Alegria, novembro 2010
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
Comentários