"Caça Tesouros"
“Nas pequenas cidades e estradas secundárias dos EUA há tesouros que
ainda esperam que alguém os descubra. Tratam-se de valiosas relíquias que
ficaram escondidas sob montões de resíduos, enterradas em celeiros ou
empilhadas em garagens.”1
É desta forma que o site do Canal História começa a
apresentar um dos meus programa de TV preferidos: “Caça Tesouros”. Mike Wolfe e o seu sócio, Frank Fritz, percorrem os EUA (e não só)
em busca de objetos icónicos, com valor histórico, para depois os venderem nas
suas lojas. É fascinante aquilo que encontram e as pessoas com quem se cruzam,
as suas histórias.
Parte do programa é passado em velhos celeiros ou armazéns, alguns deles cheios de “tralha” até ao teto, que os seus donos juntaram pelo gosto de colecionar, o vício de acumular ou por puro desleixo.
É impressionante o valor que
certos utensílios, placas de publicidade, motos ou até automóveis antigos podem
ter mesmo gastos, cheios de poeira, teias de aranha e, às vezes, ferrugem. Autênticos
achados, tesouros que depois são vendidos para fazerem as delícias de
colecionadores, decoradores e apreciadores no geral.
Mas, muito mais impressionante
ainda, é quando a vida de alguém é verdadeiramente valorizada –
independentemente de estar gasta pelos anos, presa à pesada bagagem do passado,
com a mente completamente destroçada e o coração tão enferrujado pelo ódio, o
desprezo ou a vergonha.
Talvez nos encontremos ou nos
tenhamos encontrado num ou noutro dos casos. Talvez nem sequer nos identifiquemos
com nenhuma destas situações. O facto é que, mesmo que não o saibamos, somos
uma obra-prima suja, tal como um quadro de um grande pintor quando deixado ao
abandono, manchado com lama e desprezado num velho armazém - como ilustra o
pastor John Burke no seu livro O Barro e
a Obra-prima. A Bíblia chama “pecado” a essa lama. É essa sujidade que não
deixa que não mostremos nem vejamos a beleza de Deus nas vidas uns dos outros.
Por um lado, estamos longe de
Deus pelas nossas más decisões, conscientes ou inconscientes – más na
perspetiva de Deus, na perspetiva verdadeira (Romanos 3:23). Por outro lado, a
nossa visão também está afetada – acabamos por muitas vezes só vermos a lama
sobre a tela pintada a óleo, a nódoa na roupa dos outros ou em nós mesmos e esquecemo-nos
de imaginar a beleza da imagem e semelhança de Deus em nós.
Deus quer tirar-nos do meio do
pó e das teias de aranha do pecado, limpar-nos e fazer de nós novas pessoas –
um pouco como acontece com aquelas peças que Mike e Frank encontram
nas garagens e nos celeiros de dezenas de americanos. Deus não o faz num
sentido utilitarista. Ele faz isto pela Sua graça – porque nos ama de uma
maneira incrível e inacreditável. Faz isto para que nós regressemos ao plano
original – vivermos com Deus e para Deus. Só Ele poderia olhar para nós e dar
um preço impagável pela nossa vida – a vida de Cristo, o Seu Filho, que Se
entregou para pagar os nossos pecados, morrendo em nosso lugar (sem negociar).
“Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em
Cristo. Portanto a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos
próprios meios: é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pelas nossas
boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso. Somos a obra-prima de
Deus. Ele criou-nos de novo em Cristo Jesus, para que possamos realizar todas
as boas obras que Deus planeou para nós.” (Efésios 2:8-10, OL)
Ana Ramalho Rosa
1 “Caça Tesouros”, História, canalhistoria.pt, consultado a 10 de maio de 2015
in
revista Novas de Alegria, agosto 2015
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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