Livro de Neemias
O livro de Neemias é, a par do livro de
Esdras (e no seguimento dos livros das Crónicas), uma importante referência
para o estudo da divisão de Israel enquanto reino.
Historicamente,
o livro é colocado no período do séc. V a.C., quando Neemias servia como
copeiro de Artaxerxes I em Susa (anterior capital o Império da Pérsia, do qual
o atual Irão fez parte).
Mas a sua
importância singular, não assenta apenas nesse facto. Neemias foi, como nos diz
Paul Freston, “um profissional o serviço do Reino”. Foi um servo de Deus, que
mesmo estando deslocado da capital da sua pátria mãe e local central de culto,
servia dedicadamente a um rei pagão, ao ponto de alguns académicos sugerirem
uma relação de amizade e proximidade entre ambos. Esse facto seria atestado
pela questão de Artaxerxes I a Neemias e consequente desenvolvimento de
acontecimentos (Neemias 2:1-9).
Apesar da sua dedicação ao rei, Neemias sentia uma profunda tristeza por saber que Jerusalém e os retornados do cativeiro babilónico, se encontravam em grandes dificuldades sociais (Neemias 1:3a). Lamentando o estado atual da cidade e dos seus habitantes, ele chorou, jejuou e orou a Deus, clamando pela promessa de remissão e reunião feita por Deus a Moisés em relação ao povo de Israel (Deuteronómio 30:1-5).
Essencialmente,
o livro divide-se em dois grandes blocos.
1ª PARTE
O
primeiro centra-se na reconstrução dos muros de Jerusalém nos capítulos 1 a 7,
onde são abordados o regresso de Neemias e o início dos trabalhos de
reconstrução dos muros e a consequente oposição por parte de alguns
governadores locais (Sambalate de Bete-Hermon, Tobias de Amon e Gésem) (tendo
como principais figuras de destaque Neemias, Artaxerxes e Hanani, além dos três
opositores descritos anteriormente) – este primeiro bloco será um registo mais
histórico e prático;
2ª PARTE
O segundo
bloco (mais focado no aspeto teológico e redentor), compreende os capítulos 8 a
13, no qual são relatados a renovação do pacto entre Deus e Israel (por meio da
leitura da Lei, da Festa dos Tabernáculos, da posterior confissão dos pecados
do povo e da assinatura de um compromisso para a vivência segundo os padrões
divinos e da Lei mosaica – ver capítulo 10) e a própria renovação geracional do
povo de Israel e repopulação de Jerusalém (Neemias 11).
No
capítulo 12, são registados os nomes dos sacerdotes, levitas e respetivas
famílias; assim como a divisão de serviços no Templo (12:24-26), a inauguração
das muralhas (12:27-43) e ainda a forma do sustento dos sacerdotes e levitas
(12:44-47). As grandes figuras desta segunda divisão são Neemias e Esdras,
sacerdote que dá o nome ao livro de Esdras, e que auxiliou Neemias no retorno
ao culto agradável a Deus (Neemias 8:1-12) e nas reformas religiosas que este implementou
(Neemias 13).
Ricardo Rosa
in
revista Novas de Alegria, outubro 2015
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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