O culto da violência
Zombies, vampiros, toneladas de sangue e de pessoas a
morrer. Não existe promoção mais fácil para obter fãs nos dias de hoje. Podemos fechar os olhos, tapar os
ouvidos e cantar para dentro, fingindo que nada disso é verdade. Mas estamos
apenas a enganar-nos a nós próprios.
O mundo em que vivemos
não resiste a saber as notícias na hora. E como consequência, tudo o que sejam
atentados, desastres e catástrofes, aparecem de imediato e (muitas vezes) com
imagens que ferem o coração e a mente das pessoas. E como se isso não chegasse,
a indústria do cinema e dos videojogos produz cada vez mais filmes e jogos
sangrentos, baseado no terror e no oculto. Existe uma espécie de culto à
violência e não dá ar que abrandar ou desaparecer.
Mas porquê?
Para percebermos a
origem de tudo isto, temos que recuar a Adão e Eva. Quando Deus criou o Homem à
Sua imagem e semelhança, Ele criou uma espécie de equação. Enquanto Adão fosse
obediente a Deus e não se alimentasse da árvore proibida, não existiriam
problemas (Genesis 2:15-17). Mas quando Adão e Eva pecaram, introduziram uma
variável complicada nessa equação. A necessidade de correção. E porque pecaram,
sofreram correção da parte de Deus (Genesis 3:16-19, 22-24). O bom ambiente,
união e intimidade que existia entre Deus e o ser humano foi danificado. Tudo o
que são sentimentos negativos, como a inveja, o ódio ou o medo, que até aí não
existiam, passaram a existir no coração do Homem (Genesis 4:1-6). O pecado
passou a intrometer-se diariamente na nossa vida, levando-nos a cometer erros e
más ações. E por causa da inveja, ocorreu o primeiro homicídio da História.
Caim matou Abel e derrama-se sangue inocente (Genesis 4:8, 10).
Podes perguntar o que
tem isso a ver com o título. A resposta é simples: tem tudo. Porque se passou a
lidar com sentimentos negativos, passaram a existir ações negativas e começou a
existir quem gostasse desse negativismo. E como hoje em dia tudo (ou quase
tudo) pode ser vendido, essa fome de violência, sexo e ocultismo passou a ter
quem lhe desse de comer.
Mas é só um filme…
O grande problema é
que devemos ter atenção ao que damos a comer ao nosso corpo, mente e coração.
Filmes como Hostel ou Saw, não vão servir para te ajudar a
honrar mais Jesus ou (na mais pequena das hipóteses), a seres uma pessoa
melhor. Mas garantidamente, vão enfiar na tua cabeça, que a violência é normal
e anestesiar os teus sentimentos. Vão fazer com que a compaixão pelo próximo,
seja apenas uma ideia abstrata. Achas que não? Então fica uma pergunta: o que
sentes quando vês na televisão notícias sobre atentados? Uma banda de rock norte-americana chamada Tool, tem
uma música onde diz “Olhos na TV, porque
a tragédia excita-me” e “O Universo é
hostil. Tão impessoal. Devora para sobreviver. É assim. Sempre foi assim.”.
Isto explica muito da cultura em que estamos inseridos hoje em dia. Onde a
violência doméstica aumenta, onde os roubos e agressões nas escolas acontecem
todos os dias, onde os suicídios e mortes violentas têm tendência para crescer.
Deus não nos criou
para sermos criaturas irracionais, que reagem com violência a tudo ou quase
tudo. Não! Ele criou-nos com a capacidade de sentirmos e de amarmos o nosso
próximo. Somos chamados, por Jesus, para sermos bem-aventurados. Para trazermos
paz, para procurarmos as coisas justas, para sermos limpos de coração…
O plano de Deus para
todos nós, não é que nos alimentemos de coisas que nos vão tornar zombies espirituais - pessoas que se
deixam morrer a sua ligação a Deus e vão vivendo das experiências de quem as
rodeia. Ele não quer que entreguemos a nossa mente a pensamentos violentos, nem
quer que tenhamos um coração cheio de tristeza, dor e ira. Não nos chamou para
isso!
Também não nos chamou
para sermos maluquinhos da conspiração, à procura de mensagens secretas em todo
o lado. Não precisas de ir procurar em filmes ou músicas, por vozes de fundo ou
pormenores escondidos, porque isso está à tua vista. E passa na televisão
regularmente… The Walking Dead, American Horror Story ou Sobrenatural estão à vista de todos.
Atualmente, é tudo declarado e feito à luz do dia. E as indústrias do cinema e
da música ainda batem palmas e promovem. Artistas como Tyler the Creator,
Immortal Technique, Lamb of God ou Slipknot conseguem lucros à conta do ódio e
da incitação à violência (física e sexual) que passam aos seus fãs. Resumindo,
o problema está em algo básico de ver: uma ação tem sempre uma reação. E a
violência é como uma bola de neve largada encosta abaixo. Quando começa a
ganhar força e balanço, a tendência é para aumentar.
Não existem zonas neutras
Se misturares roupa
branca e vermelha para lavar, quase de certeza que vais ter umas peças
cor-de-rosa no final. A influência da cor mais forte, vai acabar por tingir a
cor mais clara. Acontece o mesmo nas nossas vidas. Fortes influências e
figuras, ajudam (ou desajudam) cada um de nós a tomar opções. A violência pode
ser viciante, tanto que existe quem passe horas sentado em frente à televisão,
com um comando na mão, a jogar G.T.A.
ou Mortal Kombat, com a desculpa de
“aliviar o stress”. É preciso saber dizer não a isso. É preciso recusar a
oferta de sangue vinda do entretenimento e dar lugar a receber a oferta do
sangue de Jesus. O sangue que nos retira do vício e dependência do pecado, para
nos fazer livres e nos dar a oportunidade de uma nova vida. João dá-nos essa
dica: “Mas, se andarmos na luz, como ele
na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu
Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1ª João 1:7, OL). No livro de
Provérbios tens um conselho fantástico, que te vai ajudar a lutar contra esta
oferta desenfreada de sangue, sexo e tristeza: “Vigia acima de tudo o teu pensamento, porque dele depende a tua vida.”
(Provérbios 4:3, OL).
Aquilo que plantarmos
no nosso pensamento e no nosso coração, vai acabar por ter consequências no
nosso desenvolvimento e vida. O apóstolo Paulo teve que ensinar várias igrejas
a lidarem com certos problemas. E por causa disso, escreveu o seguinte: “Mas agora deverão libertar-se de tudo
isso: das atitudes de ira e de irritação, da malícia, da blasfémia e das más
palavras que possam sair da vossa boca.” (Colossenses, 3:8, OL). Pode-se
sempre argumentar que não se ouve música que fale de violência, mas se existe
coisa que ainda é mais falada é o sexo. E aqui, Paulo tem qualquer coisa para
nos dizer (novamente): “Como crentes em
Deus, não consintam que a devassidão ou qualquer espécie de imoralidade ou
ganância sejam sequer nomeadas no vosso meio.” (Efésios 5:3, OL).
Deus é claro connosco.
Ele tem o melhor para nós, e podes ler isso: “Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos são os meus caminhos, diz Jeová.” (Isaías 55:8, OL), mas
precisamos de saber fazer escolhas. Aos crentes da cidade de Corinto, que
tinham que lidar com imoralidade sexual e outras práticas que iam contra uma
relação próxima com Deus, Paulo dá o seguinte conselho: “Portanto, quer comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa,
devem fazer tudo para dar glória a Deus.” (1ª Coríntios 10:31, OL).
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Se te sentes
dominado/a por aquilo que ouves, se tens pesadelos porque vês séries ou filmes
com bolinha vermelha, então começa por fazer o que é certo. Pede a Deus que
restaure o teu coração, que te dê paz e força para resistir à tentação. Procura
ler, ver e ouvir coisas que edifiquem (e não, não precisam de ser evangélicas).
Fala com pessoas mais velhas que sejam da tua confiança. Faz exercício para
desanuviar, passeia e aproveita o que de bom Deus trouxe à tua vida. Não te
tornes a submeter à violência, à imoralidade e ao medo. Segue o conselho de
Paulo: “Digo-vos pois: vivam segundo o
Espírito de Deus e não sigam os maus instintos.” (Gálatas 5:16, OL) e vive
em liberdade. Não consumas falsificações que te envenenam, alimenta-te das boas
coisas que Deus tem para ti. Sê original, faz a escolha certa! Porque o único
sangue derramado que deves apreciar, é o de Jesus que veio morrer por ti e
dar-te a oportunidade de viveres uma imortalidade sem igual!
Ricardo Rosa
in revista BSteen, julho 2016. Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico
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