S.O.S.

Sinto a boca seca

O meu coração bate a um ritmo alucinante

Como um carro a alta velocidade

Ultrapassando todos os limites 


As pernas tremem

O queixo parece desengonçar-se

Enquanto escorrem lágrimas de pavor

Expressando o turbilhão dentro de mim


Quantas horas? Quantos dias? 

Quantos momentos?

Quantos atordoamentos têm batido à porta

Do meu coração 

E eu tenho os deixado entrar 

E ficar


Ali estão eles, sentados 

Tomaram lugar do descanso 

E descansadamente fazem ninho

Dentro de mim 

Não consigo largar os pensamentos 

Que me fazem cair 

Embora de pé (julgo eu)

Aguento 


Sinto a boca seca

O meu coração bate a um ritmo alucinante

Como um carro a alta velocidade

Ultrapassando todos os limites 


Limites – uma palavra importante

Sem limites tudo faz mossa 

E o que adoça a vida

Parece um nada.


Tenho um peso impossível 

De carregar sozinha

Sinto uma dor que é minha, 

Só minha


Desconcertadamente

Vejo-me diferente

Como se fosse o único ser do mundo 

Com esta dor assente

Mas eu sei e Tu sabes

E é por isso que eu ainda tento


Só Tu conheces o meu interior 

Como mais ninguém 

Só tu defines a minha identidade 

Como nenhum outro 


E ao enviar este sinal urgente

Peço ajuda socorro iminente 

Acode-me, Deus presente.


“Levanto os olhos para as altas montanhas:

Donde me virá o socorro?

O socorro virá do Senhor,

que é o Criador dos céus e da Terra.” 

(Salmo 121: 1-2, OL)


Ana R. Rosa



Texto originalmente publicado na revista BSteen, maio de 2023

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