Tudo na mesma?

Talvez sejas como eu e tenhas várias agendas partilhadas no mesmo calendário digital (mesmo que uses papel para as listas do supermercado!) … ou sejas mais old school e registes tudo numa super agenda (ou planner!) em papel. Não, não vou falar de o que é melhor neste caso. Não importam muito as opções, importam as intenções!

Mas, no primeiro editorial do ano não é tradição falar de um novo ano e de uma nova oportunidade de viver os dias, de escrever a nossa história, de escolher para onde ir, com quem, como e quando? Isto é a tradição e o coração a falar. Na verdade, o ego a tentar romantizar em poucas palavras o que ele gostaria de ter: livre curso a toda a hora.

Enquanto escrevo este pouco tradicional editorial (pelo menos assim o desejo), lembro-me dos planos que já fiz, dos milhares de datas e tarefas que já marquei ao longo da minha vida pessoal, profissional e vocacional. Nem sempre tudo correu como planeado. Adaptações. Ajustes. E até mudanças abruptas (pelo menos para mim!).

Somos tentados a choramingar quando a vida não corre 100% sobre rodas, como se Deus nos prometesse que iríamos viver sempre numa autoestrada. Às vezes fazemos um drama por coisas de nada - como aquela camisola que tanto queríamos ter esgotado, alguém nos “roubar” o lugar de estacionamento ou não podermos comprar o último modelo de… qualquer coisa! Vivemos tão centrados em nós e na nossa “bolha” que não valorizamos o que temos: a roupa para nos aquecer, o teto para nos abrigar, algo para comer… E as necessidades à nossa volta podem ser tantas!

Uma jovem mãe solteira, com dois filhos, que precisa de dois empregos para se sustentar. Aquela irmã viúva que está fielmente na igreja, mas chora porque os filhos se afastaram dela e de Deus. Um cristão do norte de África que fugiu o seu país por ser perseguido, deixando tudo o que tinha. Um sem-abrigo que mesmo com trabalho não consegue alugar um quarto (quanto mais casa). O miúdo que todos os dias tem recados da Diretora de Turma para a mãe.

Talvez não fosse isto que gostarias de ler neste início de ano. Incomoda, não é? O que me preocupa é quando estas situações se tornam apenas letras num pedaço de papel e não despertam em nós compaixão, como despertavam em Jesus.

“Quando Jesus saiu do barco, já lá se encontrava uma enorme multidão; teve compaixão deles e curou os que estavam doentes.” (Mateus 14:14, OL)

“Vamos ser melhores” prometíamos nós quando ficámos fechados em casa durante semanas, há quase cinco anos… COVID-19, aumento da inflação, aumento dos juros, guerra na Europa, aumento dos extremismos e dos ódios de estimação… Como é que tudo isso nos influenciou? De que forma terminámos 2024 e iniciámos 2025? Vamos entregar a nossa agenda 2025 nas mãos de Deus, ou queremos continuar a viver preocupados apenas connosco?

“Deem pois prioridade ao reino de Deus e à sua justiça e ele dar-vos-á todas estas coisas. Não se preocupem com o dia de amanhã. O dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal!” (Mateus 6:33-34, OL)

“Façam aos outros o que querem que vos façam. É isto que ensinam a Lei e os profetas.” (Mateus 7:12, OL)

“Partilhem uns com os outros o peso das vossas dificuldades e assim cumprirão o mandamento de Cristo. Se alguém se julga importante demais para ajudar a levar os fardos dos outros, está a iludir-se a si próprio.” (Gálatas 6:2-3, OL)

“Alegrem-se com os que estão alegres e chorem com os que choram.” (Romanos 12:15, BPT)

Aqui na nossa “casa” andámos meses a preparar um shift, uma mudança. Não apenas uma “operação de cosmética”, gráfica, mas com o objetivo de estarmos mais próximos das pessoas - dos temas e problemas reais do dia a dia -, levando esperança e as Boas Notícias que só a Palavra de Deus pode dar. E neste primeiro número falamos dos desafios de mudar, com testemunhos do papel de Deus quando tudo muda na nossa vida.

O nosso desejo é que Deus possa falar contigo através destas páginas e que possas partilhar a revista, para que outros conheçam a mesma esperança que tens em Deus. Se há algum episódio da tua vida que possa ser partilhado com outras pessoas para que elas possam descobrir o que Jesus faz, fala com o teu pastor e envia-nos a tua história.

A vida é feita de mudanças, acreditamos que Deus quer e pode encontrar cada pessoa onde ela está, independentemente da sua origem e situação, e mudar o seu rumo. Ele tem um caminho novo, cheio de esperança, para todos os que desejarem convidá-Lo a ser a prioridade das suas vidas. Mas a escolha é sempre nossa!

 

Ana R. Rosa

in revista Novas de Alegria, janeiro 2025

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