Distâncias
Hoje,
através do GPS, podemos saber exactamente qual a distância entre um lugar e
outro... e até podemos escolher vários trajectos, com mais ou menos
quilómetros, para lá chegar.
Esta é uma das
maravilhas da tecnologia. Tempo previsto, custo previsto, distância prevista...
ajuda-nos a fazer contas se vale a pena nos deslocarmos na nossa viatura ou de
transportes públicos. Podemos prever a hora de chegada... Que conforto!
Mas esta
facilidade em calcular distâncias em termos físicos ainda não chegou a outras
vertentes. Qual a distância entre o pai violento e o filho amedrontado? Entre a
esposa desgastada pelas inúmeras tarefas e o esposo egoísta? Entre o amigo
ferido e aquele que o magoou? Entre o empregado sobrecarregado e o patrão desumano?
Nos relacionamentos as distâncias podem ser tão ambíguas mas, simultaneamente,
tão reais e presentes.
E qual a
distância entre nós e Deus? Quantos passos nos separam?
Quando Jesus
esteve entre nós, cruzou-Se com vários tipos de pessoas. Um dia, um mestre
religioso veio ter com Ele. Tinha mais do que curiosidade... estava intrigado
com a forma de Jesus viver e falar. Então, fez-Lhe uma pergunta: “De todos os mandamentos, qual é o mais
importante? Jesus respondeu: Aquele que diz: 'Ouve, ó Israel. O Senhor teu Deus
é o único Deus. Não há outro! Ama-o de todo o teu coração, com toda a tua alma,
com toda a tua mente com todas as tuas forças!' O segundo é: 'Ama os outros,
como a ti mesmo.' Não há mandamentos maiores do que estes. O mestre religioso
respondeu: Falaste com verdade, Senhor, ao dizeres que só há um Deus e não
existe outro. E eu sei que amá-lo de todo o meu coração, entendimento e forças,
e amar os outros como a mim mesmo é muito mais importante do que oferecer toda
a espécie de sacrifícios no altar do templo. Apercebendo-se da compreensão
daquele homem, Jesus disse-lhe: Não andas longe do reino de Deus” (Marcos
12:28-34a, versão “O Livro”).
Fazia parte do “currículo” um mestre religioso saber os
mandamentos de cor! Então, porque é que ele fez aquela pergunta? Ao contrário
da maioria dos líderes religiosos que tentavam “apanhar” Jesus em alguma falha,
ele percebeu que Jesus era diferente. Pela questão que coloca, percebemos que
estava insatisfeito por viver na religião. O que ele queria era Deus... e Jesus
parecia ser a pessoa ideal para ajudá-lo.
Repare como termina aquele diálogo. Jesus diz “Não
andas longe do reino de Deus”. Ou seja “Tu já percebeste o que é mais importante para Deus, mas ainda te
falta dar um passo em frente”. Aquele homem, como muitos de nós, estava certo.
Ele sabia que Deus Se importa mais com as intenções do coração do que com meros
ritos religiosos sem paixão. Mas ainda assim isso não bastava.
Qualquer
que seja a nossa experiência com Deus até agora, estejamos a 5 cm ou a 5 km de
distância, Ele quer ter um relacionamento pessoal com cada um de nós, de tal
forma que sejamos mais que meros conhecedores teóricos da Sua vontade... mas filhos
que vão aprendendo a amar Deus e a viver nessa vontade dia a dia, através da
Sua Palavra e de conversas que vão tendo com Ele.
Isso
não é algo passageiro, mas é um caminho a dois. Um relacionamento que se
percorre, sem distâncias.
Ana Ramalho
in
revista Novas de Alegria, Novembro 2009
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