Desta é que não estávamos à espera...
Os meses que antecedem a preparação de
um casamento são sempre desafiantes. Há que planear tudo com cuidado. Pensar
nos pormenores e prever eventuais atrasos de última hora.
E foi isso que fizemos. Pensámos no
melhor e nos piores cenários. Orámos, procurámos conselheiros e amigos que
orassem connosco. Tínhamos uma igreja a orar por nós. Tudo estava a andar sobre
rodas... até que aconteceu o inesperado.
Uma distração, um acidente de automóvel
e uma conta impensável a menos de 3 semanas do casamento. Além do stress normal destas alturas, tínhamos
agora que digerir o imprevisto amargo. O que fizemos de errado? Será que
tínhamos alguma lição para tirar? E o embate no nosso orçamento, como iria ser?
Nos dias após o acidente, apesar de toda a agitação e reboliço que havia dentro
de nós e à nossa volta, vieram à minha mente muitas verdades bíblicas que
colecionei ao longo da vida.
As lutas e as provas são inerentes à
nossa condição humana – quer sejamos filhos de Deus ou não. Às vezes apenas
temos que confiar em Deus, mais nada – e essa é a única lição a guardar.
Para quê então confiar em Deus? Valerá
a pena seguir Cristo? A resposta é SIM, vale a pena. A grande questão está na
nossa confiança real e não apenas “formal”. O salmista afirmou também "Deixa os teus cuidados ao SENHOR e
ele te fortalecerá, pois não deixará que o justo sucumba para sempre"
diz o Salmo 55. O problema é quando, depois de orar e "lançar" os
nossos fardos nas Suas mãos, acabamos por pegar neles de novo. A nossa oração
precisa ser acompanhada de confiança, fé em Deus. Temos que lançar e largar.
Aí, Ele vai fortalecer-nos porque assumimos que não conseguimos na nossa força,
mas Ele é o nosso sustentador.
Quando entregamos a nossa vida a Cristo
e deixamos que Ele nos guie em todas as coisas, a nossa confiança também é
testada para ser aperfeiçoada. Confiar que Deus está connosco e controla as
circunstâncias por nós incontroláveis não nos pode fazer adormecer nos pastos
verdejantes da “boa vida”. Afinal, Ele também nos acompanha quando passamos pelo Vale da Sombra da
Morte e não se passarmos.
Esquecemo-nos disso com frequência, mas o terror da passagem pela profundidade
das agonias da vida leva-nos a acordar para a realidade e a escolher. Quando as
nossas forças se esgotam e parece que não há nada a fazer, ou desesperamos ou
esperamos em Deus. Não há outra hipótese.
Estas
são verdades que podem ser rotuladas de chavões ou frases feitas, sem valor. Na
realidade, quando observamos a vida de Job, Abraão, Moisés, Paulo, e do próprio
Jesus, temos mais que argumentos suficientes para suportar esta ideia:
precisamos confiar inteiramente em Deus. Afinal, se consideramos a Palavra de
Deus como inspirada e verdadeira, como podermos dizer que Deus nos abandonou ou
não nos ama simplesmente porque estamos numa determinada circunstância? Jesus explicou
muito bem aos que O seguiam quando andou entre nós “Não andem preocupados a dizer: ‘Que havemos de comer? Que havemos de
beber? Que havemos de vestir?’ Os pagãos, esses é que se preocupam com todas
essas coisas. O vosso Pai celestial sabe muito bem que vocês precisam de tudo
isso. Procurem primeiro o reino de Deus e a sua vontade e tudo isso vos será
dado. Portanto, não devem andar preocupados com o dia de amanhã, porque o dia
de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia a sua dificuldade.” (Mateus
6:31-34, versão “A Bíblia para Todos”)
Ana
Ramalho Rosa
in
revista Novas de Alegria, outubro 2012
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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