Desilusão
Enquanto
vivemos, a desilusão assalta-nos, mais cedo ou mais tarde. Podemos não querer
mas ela existe, porque antes dela há a ilusão.
Alguém que promete mas não cumpre, por
culpa própria ou por circunstâncias inesperadas. A expectativa que criamos
baseados no pressuposto do respeito e amor que as relações mais próximas devem
abarcar – seja entre cônjuges, pais e filhos, avós e netos, tios e sobrinhos,
entre irmãos ou primos. Ou entre patrões e empregados, professores e alunos,
Estado e cidadãos, empresas e clientes... e a lista continua.
É certo que enquanto o ser humano aqui
viver, por maior que seja a boa vontade, vai iludir e desiludir, ser iludido e
desiludido. Esta é uma estrada com dois sentidos, na qual o dar e o receber
podem ter resultados dolorosos e marcantes no mais fundo do coração.
Mas nesta vida, além do outro, palpável
e terreno, com quem nos cruzamos e vivemos, existe Alguém que não nos ilude nem
sai desiludido. Ele conhece-nos, muito melhor que nós próprios. Ele sabe que
somos falhos, que erramos, que vivemos longe da perfeição... longe Dele. Mas,
apesar disso, Ele deseja que nos relacionemos com Ele. A verdade é que Deus é a
melhor pessoa que podemos conhecer, com quem e para quem podemos viver, e a
única em quem podemos confiar totalmente.
A nossa ideia de Deus estará sempre
limitada à nossa própria experiência pessoal. Se apenas nos iludimos com aquilo
que vemos e ouvimos, podemos ficar com uma ideia errada, deturpada ou limitada
de quem Ele é e daquilo que tem para nós.
É certo que Deus é insondável em toda a
Sua totalidade. Mas também é verdade que Deus está próximo de nós, de tal forma
que Jesus, o Filho de Deus, fez-Se homem, para nos libertar das desilusões que
tivemos com nós próprios – porque pecámos, porque falhámos o alvo, porque
decidimos iludirmos com aquilo que é passageiro, em vez de investirmos naquilo
que, de facto, não passa – a vida eterna.
A profecia acerca de Jesus,
confirmou-se “A virgem ficará grávida e dará à luz um filho que se há de chamar
Emanuel. Emanuel quer dizer: Deus está connosco. ” (Mateus
1:23, BPT).
“Portanto,
temos um tão excelente supremo
sacerdote, que é Jesus o Filho de Deus, que penetrou nos céus, mantenhamo-nos
firmemente fiéis à fé que confessamos ter. Este nosso sacerdote supremo não é
um simples homem que não possa compreender as nossas fraquezas. Pelo contrário,
ele passou por todas as mesmas provas que nós, mas sem ter pecado. Portanto
cheguemo-nos com confiança ao trono de Deus para podermos receber misericórdia
e graça, e para sermos ajudados sempre que tivermos necessidade.” (Hebreus
4:14-16, OL).
Ao contrário daquilo que possamos
pensar, precisamos primeiro desiludirmos com nós mesmos. Precisamos reconhecer
a nossa limitação. Entender a nossa falência espiritual, que Jesus chamou
bem-aventurada (Mateus 5:3). Só assim estaremos prontos para receber Jesus na
nossa vida, pois Ele é o único caminho que nos leva a Deus – e assim, como
Jesus prometeu, ter por herança o reino de Deus.
Jesus viveu e morreu para poderemos
viver com Deus, confiando Nele, caminhado na Sua vontade, reconhecendo-O na Sua
Palavra, vivendo dia a dia na melhor das companhias – o Pai celestial, o Deus
Todo-poderoso, Aquele que é amor. E quando o fizermos, sem ilusões mas com fé e
conhecimento baseado na Sua Palavra, iremos viver de um modo como nunca
vivemos, viver a valer, enquanto aguardamos estar eternamente na companhia
d’Aquele a quem amamos e servimos.
Ana
Ramalho Rosa
in
revista Novas de Alegria, julho 2014
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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