Terceira Epístola de João
A terceira epístola
de João é do mesmo período da anterior, isto é, entre os anos 97-100 d.C.,
tendo também como ponto provável de redação a cidade de Éfeso[1].
Esta epístola é dirigida a Gaio, um membro de uma igreja
local[2] que dava testemunho de bom modo
(v.3,5). Esse testemunho era reconhecido diante da igreja local e atestava o
trato fiel de Gaio para com os irmãos em Cristo em primeiro lugar e
segundamente para com as visitas ou forasteiros[3].
João incentiva Gaio a receber plenamente aqueles que
estão de passagem e que “por amor do
Nome saíram, sem nada aceitar dos gentios.” (3 João 1:7 ARA). Este sinal de
recusa em aceitar apoio dos descrentes era um modo de não só dar bom testemunho
entre eles (não aceitando dinheiro como devotos de outras religiões faziam)[4], mas também de seguir o exemplo dos doze
e dos setenta quando enviados por Jesus
(Marcos 6:8, Lucas 10:4). O cuidado com os irmãos na fé seria uma prática
enraízada nas comunidades cristãs da época, seguinte também as indicações de
Paulo nas suas cartas (Gálatas 6:10, 1 Tessalonicenses 3:12).
O contraponto a Gaio é mencionado na carta e chama-se
Diótrefes. À boa atitude de Gaio no que toca a receber pessoas de fora,
contrapõe-se a má atitude de Diótrefes que se recusava a receber essas pessoas
e não contente com isso, proíbia os crentes locais de o fazer expulsando-os
como medida punitiva (v.10). A sua atitude negativa é ainda destacada pelas
suas palavras caluniosas e atitudes desornedadas, nas quais se inclui a recusa
em receber João.
No terminar da epístola temos novamente um bom exemplo, o
de Demétrio. Este homem é motivo de elogio pelo modo como vive fielmente com
Cristo (v.12), algo que leva a que o aqueles que o conhecem o reconheçam como
alguém com um carácter verdadeiramente cristão. João repete nesta espístola o
final da sua epístola anterior, ou seja, existem mais assuntos dignos de nota,
mas que ele prefere tratar pessoalmente e em breve.
Ricardo Rosa
[1] MAUERHOFER,
Erich. Introdução aos Escritos do Novo
Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2010, p.563,564; [2]
STOTT, John. I,II
e III João – introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova e
Editora Mundo Cristão, 1982, p.186; [3] Aqui o termo original do
grego é xenos que é melhor traduzido por estrangeiro ou visita. Daí se depreenda a
tradução de João Ferreira de Almeida para estranhos, uma vez que seriam pessoas
externas aquela comunidade local; [4] STOTT,
John. I,II e III João – introdução e
comentário. São Paulo: Editora Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1982,
p.191.
in
revista Novas de Alegria, outubro 2014
Texto escrito
conforme o novo acordo ortográfico
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