Celebrar a vida em família
Celebração é geralmente sinónimo de festa, de algum evento memorável que
merece ser recordado e desfrutado.
No passado mês de janeiro, no meio
de alguns sentimentos divididos, a nossa família mudou de residência. E pelo
meio desse processo, que foi forçado por necessidade de abrandar ritmos de
vida, passámos por algumas situações em que celebrar era tudo menos a palavra
de ordem.
Tínhamos a certeza de que estávamos
a fazer o melhor, mas as circunstâncias e variáveis resultavam em imprevistos
complicados. Um fornecedor que não ativava o serviço de gás, um forno que
avariou, um móvel cuja montagem quase requeria um doutoramento… Celebrar para
quê? Todo este processo parecia um fiasco!
Mas pelo meio da tribulação, foi em Cristo que encontrámos o consolo. As orações de amigos e familiares foram uma ajuda, assim como a presença de pessoas que nos animaram e ajudaram. Mas foi para a família que a minha esposa e eu constituímos há três anos atrás, que Ele dirigiu o nosso coração. O elevado ritmo diário, a contínua pressão a que estamos sujeitos e outras circunstâncias da vida, levaram a que não nos centrássemos tanto onde deveríamos. Foi necessário tornar atrás, permitir que Ele nos aliviasse a bagagem e centrarmos a nossa atenção no nosso primeiro local de culto: o lar.
A celebração da vida é algo
importante para cada cristão. Celebramos a vida que Deus nos dá, a saúde com
que nos abençoa; mas acima de tudo, celebramos a eternidade que vamos passar
com Ele. A vida eterna em alegria e paz é-nos concedida pela morte vicária de
Cristo. E tal como Ele faz de nós Seus irmãos e irmãs, relembra-nos que a nossa
família de sangue e genética é também importante.
Cristo morreu para que possamos
celebrar a vida em família, seja com a família espiritual, seja com a família
de sangue. N’Ele assenta a celebração do maior amor. E é com esse amor, que
devemos viver em família. É com base no amor que não suspeita mal, que é não
procura os seus próprios interesses, que não é egoísta nem fingido, que devemos
desfrutar e recordar todos os dias da bênção que é a família.
O Deus que abençoou a família de
Adão e Eva, e mais tarde de Noé, dando-lhes como mandamento a multiplicação; é
o Deus que hoje quer que as famílias desfrutem do Seu amor. Para nós, celebrar
a família tornou-se uma questão de “voltar à base”. De procurar em Cristo, na
Palavra e com o Espírito Santo, a melhor maneira de viver para O honrar e
elevar. E o resultado tem sido fantástico. Celebramos com gozo o tempo que
passamos como pai, mãe e filho. Desfrutamos de cada momentos uns com os outros.
Deixámos de ceder à tentação da ocupação extra e do esforço hercúleo que não
nos era requerido.
O que parecia um fiasco, acabou por
se mostrar uma lição de amor (duro, mas ainda assim intenso e profundo amor) de
Deus por nós e pela nossa família. E percebemos que o mesmo Deus que nos manda
ir, também nos manda ficar. Não podemos correr o risco de David, que se centrou
demasiado no reino e menos no lar. Demasiado no povo e em défice na família.
Queremos o zelo amoroso de Job, que sacrificava pelos filhos e por amor a Deus.
Um Pai amoroso mostrou-nos o quanto nos ama e que de facto, não podemos
esquecer de amar esta bênção e este projeto divino que é a família. É nela que
temos a nossa primeira igreja local. É nela que temos o primeiro grupo de
suporte, de intercessão e de oração. E nas palavras partilhadas por alguém numa
conversa: por vezes o nosso ministério principal é a nossa família.
Ricardo Rosa
in revista Novas de Alegria, abril 2015
Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico
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