De geração em geração
Preparando a nova geração para os desafios de hoje e amanhã
Recentemente cerca de 30 líderes dos
Departamentos nacionais de jovens das Assembleias de Deus na Europa estiveram
juntos para um tempo de partilha, comunhão, e trabalho centrado na grande
questão: como podemos identificar desafios do presente e futuro da nova geração
e como ajudá-la a enfrentá-los?
Ao tentarmos responder à questão, descobrimos primeiramente
que muitas das problemáticas que enfrentamos como pais, educadores e líderes
desta nova geração são transversais em toda a Europa. Ao olharmos à nossa volta
compreendemos como a sociedade está numa mutação constante e que os perigos e
desafios são cada vez mais em número e intensidade. Desde questões como a
ideologia de género, a proliferação de elementos referentes ao Paganismo, as
filosofias e espiritualidades orientais, a hipersexualização que prolifera nos
vários meios de comunicação, etc.
Agora, como é que vamos responder a estes desafios? Jeff
Grenell, pastor e líder de jovens há quase 40 anos, conhecedor da cultura e
desafios da juventude em termos globais, apontou quatro grandes áreas nas quais
como igreja podemos criar impacto nas vidas daqueles que estamos a ajudar a
crescer, indo de encontro às suas necessidades – sejam crianças, adolescentes
ou jovens. Estes tópicos (cujas ideias de Jeff Grenell coloco como citação nas
próximas linhas) levaram-me a uma reflexão que desejo aqui partilhar.
SOBRENATURAL
“Se observarmos a
sociedade, verificamos como esta está impregnada pelo sobrenatural”. Os
produtos interativos e de entretenimento para crianças, jovens e adolescentes
não ocultam o oculto, mas tornaram-no normal e apetecível.
“Como igreja, temos
que pensar no enorme potencial que temos nas nossas mãos” – não um
sobrenatural do lado do mal, mas o sobrenatural do nosso amoroso Deus. “Ao não procurarmos o impacto do
sobrenatural estamos a cometer um grande erro.” Não temos que ter medo de
falar do Espírito Santo, da Sua operação, do Seu fruto, do Seu batismo, nem dos
dons que Deus deseja ver em operação em toda a Igreja – a começar pelas
crianças, adolescentes e jovens,
Assim, precisamos levar a nova geração a ter uma experiência
real com Cristo, a “viver além do
natural, orando e esperando por algo que só Deus pode fazer – uma geração que
ora e vê os milagres de Deus acontecer.”
REVOLUÇÃO SEXUAL
Ainda estávamos no Estado Novo, quando nos anos 60 se
iniciou praticamente em todo o mundo ocidental aquilo que os sociólogos chamam
de revolução sexual. “Começou um real
desafio aos formatos tradicionais de comportamento interpessoal e sexual. O romper dos paradigmas estabelecidos abriu
as portas a mudanças profundas que se viriam a propagar pelas décadas seguintes”
e que levaram à paulatina banalização das relações heterossexuais fora do
casamento, ao crescimento exponencial do divórcio, à legalização do aborto, à
normalização da homossexualidade e outras formas alternativas de sexualidade.
“Hoje, as formas e
formatos das definições de identidade de género (melhor dizendo, ideologia de
género), presentes nos manuais escolares, nos filmes, séries, etc. são
múltiplos.” Não querendo alongar este tema que abordámos em fevereiro,
precisamos compreender que é esta a realidade vivenciada.
Como pais devemos exercer a nossa responsabilidade e direito
presente na nossa Constituição relativamente à educação dos nossos filhos nesta
e noutras áreas, de acordo com aquilo que cremos e podemos num país livre e
democrático, mostrando a nossa posição quando necessária, sempre com amor. Por
outro lado, como pais, educadores, líderes, “precisamos
que Deus nos dê sabedoria para lidar com todas as pessoas que têm lutas em
várias áreas, pessoas que precisam de Jesus, sejam elas quais forem.” Que
Deus encha de compaixão os “filhos mais velhos” que estão na casa do Pai, para
receber os “filhos mais novos”, independentemente do seu passado.
Lembremos o episódio em que trouxeram uma mulher que tinha
sido apanhada a cometer adultério até Jesus. Segundo a Lei de Moisés esta
mulher estava condenada a morrer. “Então,
endireitando-se, disse: ‘Está bem, apedrejem-na, mas que a primeira pedra seja
lançada por aquele que nunca tenha pecado.’ E, curvando-se de novo, continuou a
escrever no pó do chão. E começaram a afastar-se um a um, principiando pelos
mais velhos, até que ficou só Jesus com aquela mulher. Tornando a erguer-se, e
vendo só a mulher, perguntou-lhe: ‘Onde estão os teus acusadores? Nem um sequer
te condenou?’ ‘Não, Senhor.’ E Jesus disse-lhe: ‘Também eu não te condeno. Vai
e não tornes a pecar.’.” (João 8:1-11, OL)
Também não nos podemos esquecer que, “em todas as áreas de tentação, existe uma enorme diferença entre
atração e ação.” Tiago lembra-nos isso mesmo (Tiago 1:14-16) Este princípio é importantíssimo quando lidamos
com adolescentes e jovens com lutas nesta área.
DOUTRINA DA VERDADE
“Na Europa apenas 3%
dos adolescentes veem a vida numa perspetiva cristã. Nos Estados Unidos esse
valor sobe para os 4%. Se pensarmos que, segundo algumas estatísticas, 33% dos
jovens cristãos em termos mundiais, sabem dizer apenas 5 dos 10 mandamentos,
compreendemos que o nosso ministério com crianças, adolescentes e jovens deve
ter uma ênfase nas Escrituras.”
É importante que passemos às novas gerações as verdades da
Palavra de Deus de modo a que eles a conheçam e O conheçam. Precisamos
apresentar as doutrinas fundamentais e um panorama geral da Bíblia (que deve
ser apresentado e reapresentado desde as classes dos “pequeninos” até aos
universitários). “No que toca aos
adolescentes e jovens, há temas incontornáveis: os 10 mandamentos; o Sermão do
Monte; o Fruto do Espírito Santo; os Dons do Espírito e Escatologia (reparem
que muitas séries e filmes têm esta questão do fim do mundo como pano de fundo).”
FAMÍLIA
“Não podemos alcançar
as nações sem chegar às famílias. Se não alcançarmos as famílias não alcançamos
os jovens”.
Se por um lado precisamos estar próximos das famílias, hoje
existem adolescentes que não têm referências neste aspeto. Então, “o Corpo de Cristo deve ser uma família”, onde
cada jovem e adolescente é acompanhado com amor e aconselhado com a Verdade,
pelas Escrituras.
Quando estamos a lidar com jovens e adolescentes, temos que
mudar de uma abordagem baseada em eventos e passar para uma abordagem baseada
no discipulado, em que as Escrituras e a proximidade são basilares. Para isso,
temos que ser intencionais – organizados e objetivos.
Seja na igreja, seja em casa, temos enormes desafios nos
dias que correm. Procuremos a sabedoria vinda de Deus para, com zelo, cuidarmos
dos nossos filhos (naturais e espirituais)!
Ana Ramalho Rosa
in Novas de Alegria, junho 2019
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