Verdadeiro ou Falso?
A aplicação da Bíblia para as crianças tem alguns desafios
para testar a aprendizagem dos miúdos. Alguns deles são perguntas “verdadeiro
ou falso”. Acho piada porque às vezes o meu filho inventa e diz a pés juntos
que determinada afirmação é verdadeira quando é falsa, e vice-versa, bem ao
jeito de uma criança – de forma criativa e inocente.
Na nossa sociedade a verdade passou há muito tempo a ser um
conceito de alguma forma desdenhado e até distorcido. Cada um diz ter a “sua”
verdade, que muitas vezes colide com a do vizinho do lado. Num julgamento ambas
as partes têm versões diferentes da “verdade” e o trabalho dos juízes muitas
vezes não é fácil, perante aquilo que são os factos conhecidos.
Quando descobrimos que temos um problema de saúde grave
vamos à procura da “verdade” da nossa situação e do melhor tratamento para
ficarmos reestabelecidos. Mas num cenário hipotético imaginemos que ao ouvirmos
o terceiro especialista entramos em negação e dizemos, “Mas não pode ser verdade!” E o médico pega novamente na dezena de exames
que fizemos e explica “Os meus colegas
têm razão. Tem um temor e precisa de uma cirurgia o mais breve possível. Não
sente uma dor e um alto nessa zona?” E em resposta dizermos de modo
desconcertante: “Cancro? Não pode ser…
deve ser engano.”
O pior doente é aquele que, mesmo diante dos factos, nega o
diagnóstico. Prefere viver numa mentira do que aceitar a verdade. E numa outra
perspetiva, isso torna-se muito grave quando o médico é Deus e a doença são os
nossos pecados. “Porque todos pecaram,
tendo perdido o direito de acesso à glória de Deus.” (Romanos 3:23, OL)
Este é um problema que nos toca a todos. Não há como escapar.
Deus conhece-nos profundamente. Afinal, Ele criou-nos e sabe
que estilo de vida moral, físico e psicológico é mais saudável para nós. O
Médico dos médicos, que cura o corpo, quer antes de tudo curar a nossa alma.
Quando entramos no Seu consultório, tenhamos o bom senso de escutar o Seu
diagnóstico e fazer os tratamentos necessários. Ele, que é verdadeiro, não
deseja que ninguém se perca neste mundo de falsas terapias e “meias verdades”. “Porque o salário que o pecado paga é a
morte, mas de Deus recebemos a dádiva gratuita da vida eterna, por meio de
Jesus Cristo nosso Senhor.” (Romanos 6:23, OL)
Entramos numa espiral decadente ao fazermos uma automedicação
moral e espiritual ajustada às nossas conveniências, sem aceitar a nossa
verdadeira condição, ou permitimos que o diagnóstico amoroso de Deus nos
confronte para nos dar vida? Há problemas que só Ele consegue resolver com o
toque cirúrgico da Sua Palavra, que mesmo quando nos fere é para operar mudança
e crescimento, para nos aperfeiçoar em amor. Em vez de vivermos orgulhosamente
sós, numa falsa independência, numa concretização efémera, entretidos com a
sedução do erro camuflado, talvez tenhamos que nos render e arrepender de
estarmos a levar um estilo de vida que renega o plano de saúde total de Deus
para o Homem. “Porque pela sua graça é
que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto a salvação não é
algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus.
Não é uma recompensa pelas nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito
algum nisso. Somos a obra-prima de Deus. Ele criou-nos de novo em Cristo Jesus,
para que possamos realizar todas as boas obras que Deus planeou para nós.”
(Efésios 2:8-10, OL)
Ana Ramalho Rosa
in Novas de Alegria julho 2019
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