A dívida, o preço e a troca.
Uma dívida para a vida. Andar com um peso agarrado a nós, do
qual não nos podemos livrar. Temos de pagar, mas não conseguimos. É caro demais
para nós, mesmo que tenhamos os cofres cheios (sejam eles nossos, de amigos ou
familiares), as contas repletas e ainda o colchão bolorento com o espaço
secreto onde guardamos os maços de notas. Porque esta dívida não tem FMI que a
salve, nem BCE que a compre ou Troika que a pague. Não há fundo, nem orçamento,
nem cativação possível. Não a podemos esconder hoje para fazer aparecer no
próximo ano. Ela está cá, sempre presente, e cresce sem que a consigamos gerir
ou controlar.
in Novas de Alegria, fevereiro 2020
Um preço impossível. Uma etiqueta pintada de vermelho,
tingida, dia após dia, enquanto se cobria o preço, tapando o valor, mas tendo-o
sempre presente na catadupa do tempo. Para cobrir a nudez do primeiro casal,
afundado na sua desobediência, cativo de uma dívida que ficaria para sempre na
família. A família humana. Cada um de nós. O sacrifício em troca do pecado, no
templo, e depois por todo o povo, uma vez no ano… salpicos vermelhos que
atenuavam aquilo que teria de ser, um dia e definitivamente, saldado.
A troca graciosa. Alguém que não merecendo, antes pelo
contrário, Se deu, Se ofereceu para saldar a dívida, cobrir de uma vez por
todas o preço impossível de ser pago por nós, por todos e por cada um. Ele, o
Filho Daquele por nós ofendido, esquecido, abandonado, ridicularizado… o Filho
de Deus. As nossas intenções, palavras e ações de boa fé não poderiam compensar
toda a nossa desobediência ao nosso Criador. Mesmo assim, Ele quis ser o nosso
Salvador. Não Lhe pedimos. Ele sabia. Ele planeou tudo antes de sermos criados,
sabendo que iríamos virar-Lhe as costas, um meio de nos reconciliarmos com Ele.
Ele mesmo veio. Deus connosco. Jesus. A Sua vida pela nossa vida. Uma troca
humanamente injusta, mas divinamente graciosa e misericordiosa. Por causa do
amor, do Seu amor…
“(…) Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8, ACF)
“Antes de ter criado o mundo, Deus escolheu-nos para lhe
pertencermos e passarmos a viver de uma forma santa e irrepreensível, em amor. No
seu plano, propôs-se tornar-nos seus filhos. É por isso que lhe dirigimos
louvor e honra pela sua graça para connosco, através da pessoa do seu amado
Filho. Tão rica é a generosidade da sua graça, que ele pagou a nossa redenção,
através do sangue do seu Filho, e as nossas transgressões foram perdoadas.
Graça essa que se traduziu abundantemente nas nossas vidas em sabedoria e
compreensão; tornando assim possível termos conhecimento do plano que Deus
tinha arquitetado a favor da humanidade, mas que mantivera por revelar até ao
momento por ele determinado. E o objetivo final desse plano é, quando chegar o
tempo oportuno disso acontecer, juntar sob o governo de Cristo todas as coisas,
no céu e na Terra.” (Efésios 1:4-10, OL)
“Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé
que temos em Cristo. Portanto, a salvação não é algo que se possa adquirir
pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pelas
nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso.” (Efésios
2:8-9, OL)
Ana Ramalho Rosa
in Novas de Alegria, fevereiro 2020
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