Prontos! [Defesa da Fé]
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Tenho um problema. Na
verdade, tenho vários. Pediram-me para escrever um texto com limite de 750
palavras. E eu tentei, mas entusiasmado, com uma boa banda sonora, lançado tipo
o Elliot do “Mr. Robot”, teclei e não parei até terminar. No fim: quase o
triplo do pedido. Um bom texto, mas demasiado grande (podes ler na Novas de
Alegria de janeiro). Apaga maluco…
A ideia é falar sobre estarmos prontos para defender a fé, com palavras (argumentos, estudos, debates ou conversas, por exemplo) e atos (testemunho, estilo de vida, ações, demonstração do que é ser cristão, etc.). Não me leves a mal, eu não duvido que tenhas noção do que é defender a fé. A minha dúvida é se tu realmente tens o que é preciso para isso. Porque para defenderes a tua fé, há pelo menos 3 coisas de que precisas e 2 de que não precisas. Vamos por tópicos que é mais fácil…
Comecemos pelo que temos de deixar para trás:
1.
Ego – defender o Evangelho não tem nada a ver com o quão bom
somos nisso ou o nível de espetáculo/qualidade/percentagem de vitórias que
temos em discussões com ateus, agnósticos, muçulmanos, budistas, etc. Defender
a fé é explicar a quem olha para o Cristianismo e os ensinamentos de Jesus onde
está o erro deles, ajudá-los a perceber porque estão errados, como é que devem
verdadeiramente compreender o Evangelho e isso é tudo para ser feito com amor
(1ª Pedro 3:15);
2. Proselitismo – como diria a minha avó materna, “é uma palavra de dois e quinhentos”, ou seja, uma palavra cara, que significa um esforço enorme para converter as pessoas a uma ideia, partido, religião ou causa. Inclusive ao que estamos a querer defender. Se há alguém que convence alguém de alguma coisa em matéria de fé não somos nós, é o Espírito Santo. Ou melhor. Nós participamos nisso, mas é o poder do Espírito Santo e não a nossa capacidade (1ª Coríntios 2:4,5).
Depois de saber o que
precisamos de largar para que não tenhamos pesos mortos nesta missão, vamos
agora ver qual o bom modo de vida de qualquer pessoa que queira ser um apologista
ou defensor/a da verdade (seja em atos ou palavras):
1.
Amor – Na versão Almeida Revista e Corrigida, o termo “amor”
aparece 376 vezes, na versão O Livro são 414, na NVI o número sobe para 462,
creio que percebes onde quero chegar… Ninguém, mas absolutamente ninguém, está
pronto ou pronta para defender a fé cristã sem experimentar o amor de Deus e
sem dar esse amor a provar aos outros (Levítico 19:18, Mateus 5:43, Mateus
19:19, Mateus 22:39, Marcos 12:31, Gálatas 5:14). É como aquele meme do
“coloca versículo bíblico no Instagram ao domingo, mas passa a semana
infernizando a vida dos outros”. Isto tem um nome complicado e outro simples. O
complicado é dissonância cognitiva, ou seja, uma pessoa diz uma coisa e faz
outra. A palavra simples e mais atual é fake. Talvez conheças mais a
última. João diz algo muito claro, duro e esclarecedor relativamente a isto.
Talvez seja melhor, porque assim não fui eu que disse, vem mesmo da Bíblia e
não dá para discutir: “Quem aborrece o seu irmão é, no fundo, como um
homicida. E sabem bem que nenhum homicida tem em si a vida eterna.” (1ª
João 3:15, OL).
2.
Preparação - O Cristiano Ronaldo não nasceu com o belo
corpo que tem. E não marca aqueles livres por acaso. Nem salta como salta
porque tem molas nas chuteiras. Tudo o que consegue, implica esforço,
investimento, persistência. O mesmo para quem lidera em várias áreas nos
desportos e afins. Na arte de defender a fé (sim, porque tem uma componente
artística, com o saber construir um discurso atrativo, a apresentação e
cativação dos ouvintes, o modo como reagimos aos argumentos em pleno debate) é
preciso trabalho. Paulo já dava a dica a Timóteo (2ª Timóteo 2:15) para ele
procurar apresentar-se a Deus (sublinho A DEUS – mesmo assim, para se ler bem)
como um trabalhador que não tem que se envergonhar e cortar a direito, conforme
a Palavra de Deus, ou seja, não se desviar do ensino correto das Sagradas
Escrituras como muita gente faz e que deriva para soundbytes que dão
muitos likes, views e shares no Instagram e outros, mas no
fim têm mais de filosofia pessoal, coaching, yoga e zen do
que Bíblia. E mesmo quando tem Bíblia, é tão tirada do contexto, que acaba por
produzir crentes despreparados, mal alimentados, cheios de si mesmos e vazios
de Deus (se não estão cheios da Palavra, vão-se encher com o quê, ‘né?).
3. Persistência – Um dos melhores exemplos é o de Josué e Caleb. Dos espias que foram ver a terra prometida, foram os únicos que acreditaram na promessa de Deus e perseveraram. Resultado? Entraram lá e herdaram-na. O autor da carta aos Hebreus desafia-nos a mantermos a nossa esperança firme em Deus (Hebreus 10:23), a não deixarmos de participar na nossa igreja local (Hebreus 10:25) e a continuar com perseverança a fazer a vontade de Deus, para alcançarmos o que Ele prometeu (Hebreus 10:36). Não se trata de um sprint, trata-se de uma maratona. Hebreus usa pelo menos 3 vezes a expressão “retenhamos” na Almeida Revista e Corrigida, que vem do Grego krateó (prevalecer, manter o controlo de) e que aqui pode ser lido como “conservarmos com cuidado e fielmente algo que nos é oferecido ou confiado”.
E pronto. Agora é contigo. Se tens coisas a largar, larga. Se tens coisas para agarrar, agarra. Mas faz-te à vida. Porque cada minuto que passa, há uma vida que se perde sem conhecer Jesus e se não fizermos a nossa parte, então estamos a falhar enquanto discípulos e discípulas.
Ricardo Mendes Rosa
in BSteen, março 2022
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