25 de dezembro, 35º C à sombra

Foi o meu primeiro Natal depois de ir à Austrália, precisamente há 20 anos. Liguei aos meus amigos para lhes desejar boas festas. Por cá estava um frio de rachar… “Nós vamos para a praia. Estão 35º C à sombra!” disse a minha amiga com a maior das naturalidades.

Estamos tão habituados ao Natal ‘fresquinho’ aqui na Europa (e em algumas zonas possivelmente até com neve) que achamos estranho passar o Natal com calor, mergulhos e gelados, como acontece em boa parte do hemisfério sul.

A mesma data, a mesma celebração, mas um grande contraste!

Mas nem é preciso voarmos para sul para vermos o contraste no Natal. Basta olharmos para o nosso lado.

A família unida, no meio de sorrisos e alegria, mesmo sem a mesa farta (como achamos ser preciso para passar esta quadra), mas cheia de vida e gratidão pela oportunidade de conhecer e celebrar o nascimento do Salvador… ao lado daqueles que se endividam para oferecer os presentes mais caros, ter a mesa mais cheia, e não ficarem “mal na fotografia” quando chega a hora de trocar presentes com o resto da família. Nunca é um Natal alegre o suficiente, porque as coisas nunca poderão satisfazer quando o espaço que só Jesus pode preencher continua cheio daquilo que é passageiro e não importa- só Ele faz a diferença!

O emigrante que encontra na igreja uma família… ao lado da senhora que vive sozinha, já sem família para a acolher.

A mãe solteira que se desfaz em planos e ideias para dar um Natal com significado aos filhos… ao lado do homem de negócios que aguarda os papéis do divórcio, enquanto acaba a sua segunda garrafa de vinho, escondido num quarto de hotel.

Os avós que preparam um programa especial com poemas e canções de Natal, para depois da ceia com os netos, filhos, noras e genros no seu pequeno apartamento… A mãe que se prepara para contar aos filhos menores que pode ser o último Natal juntos.

O Natal do sem-abrigo que encontrou abrigo em Jesus. O Natal da executiva que se perdeu na carreira e que a perdeu, e está sem rumo.

O Natal da simplicidade e da Natividade. O Natal do consumo, mas “sem sumo”.

O Natal que fica. O Natal que passa.

Natal é tempo de contrastes. Desde o princípio. Desde o primeiro Natal.

“Naquela noite, encontravam-se nos campos fora da vila alguns pastores que guardavam os seus rebanhos. De súbito, apareceu-lhes um anjo; o campo ficou iluminado com a glória do Senhor e eles sentiram muito medo. Mas o anjo sossegou-os: ‘Não tenham medo; trago-vos uma notícia muito feliz que se destina a toda a gente! Esta noite, em Belém, na Cidade de David, nasceu o Salvador. Sim, o Cristo, o Senhor! E este é o sinal pelo qual o reconhecerão: encontrarão a criança envolvida em panos, deitada numa manjedoura.’ E de repente, juntou-se outro grande grupo de anjos, louvando a Deus: ‘Glória ao Senhor, nos mais altos céus! Paz na Terra aos homens a quem Deus quer bem!’ Depois deste grande número de anjos ter voltado para os céus, os pastores disseram uns aos outros: ‘Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos falou.’ Correndo à aldeia, encontraram Maria e José, com a criança deitada na manjedoura de um estábulo. Os pastores falavam a toda a gente no que tinha acontecido e no que o anjo dissera acerca daquele menino. Todos os que ouviam a história dos pastores mostravam-se espantados.” (Lucas 2:8-18, OL)

O Rei nascido numa estrabaria, no seio de uma família humilde.

Adorado pelos gloriosos anjos e ao mesmo tempo pelos simples pastores.

O Maior fazendo-Se menor, por amor.

O Amor por amor aos Seus inimigos, para que pudesse morrer no lugar daqueles que O ofenderam e que O viriam a matar.

“Esteve neste mundo, que foi criado por ele, mas não o conheceram. Veio para o seu povo e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Bastava confiarem nele como Salvador. Esses nascem de novo, não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus.” (João 1:10-13, OL)

Este é o desafio do Natal: confiar inteiramente a nossa vida nas mãos do Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.

Um Santo e Feliz Natal para todos!

 

Ana R. Rosa


in revista Novas de Alegria, dezembro 2023

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