"Kakure Kirishitan"
O Japão esteve fechado a influências externas, especialmente as ocidentais. Muitos cristãos deram a vida pela sua fé e outros fugiram e esconderam-se em algumas das ilhas mais pequenas da zona oeste do Japão. Viveram escondidos ou seguindo a fé em secreto. Atualmente são outros os desafios, que sempre existirão para aqueles que vivem em contramão, segundo Jesus e o Seu sistema de valores contrários ao mundo que, como sabemos, “jaz no Maligno” (1 João 5:19).
Hoje, a Coreia do Norte vive num clima semelhante ao do Japão dos séculos XVII a XIX… ser cristão é arriscar ser assassinado ou ir parar a um campo de trabalhos forçados. Falamos destes dois países e dos desafios dos nossos irmãos e irmãs na fé locais, mais à frente na rubrica Missões. Pensando neles, neste espaço partilho algumas questões que a igreja do mundo ocidental, onde há liberdade, precisa fazer a ela mesma (ou seja, que eu e todos os que me leem precisam considerar).
1. O QUE É QUE ESTAMOS A FAZER COM A NOSSA LIBERDADE?
Não
quero generalizar nem apontar o dedo a inocentes. Começo por mim: será que
estou a viver o meu cristianismo apenas como um sistema de auto benefícios?
Será que a liberdade de culto se tornou apenas a liberdade de eu cultuar a Deus
para “cumprir o meu dever” ou para “sentir-me bem” enquanto passa mais uma
semana até ao próximo culto? A liberdade que temos em Cristo e a liberdade que
temos de cultuá-Lo está a tornar-nos meninos mimados ou filhos agradecidos?
“Sim, meus irmãos, vocês foram chamados por Deus para viverem na
liberdade. Não deixem então que essa liberdade seja um pretexto para que a
vossa natureza carnal vos leve à prática do mal; antes pelo contrário, que ela
vos incite a trabalhar, por amor, em favor dos outros.” (Gálatas 5:13, OL)
2. O QUE É QUE ESTAMOS A FAZER COM O EVANGELHO?
Graças
a Deus pelos que evangelizam e dão testemunho da sua fé. Mas…. o que estou a
fazer em relação àqueles que não conhecem Jesus? Sou uma testemunha de Jesus
como Ele ordenou explicitamente que eu deveria ser ou acho que esse é “trabalho
do pastor e do evangelista” e que as campanhas e iniciativas de evangelismo da
igreja são suficientes? O meu cristianismo é “privado” ou é um testemunho vivo
do amor de Deus?
“Mas quando o Espírito Santo tiver descido sobre vocês, receberão
poder e serão minhas testemunhas ao povo de Jerusalém, em toda a Judeia e
Samaria, e até aos extremos da Terra.” (Atos 1:8, OL)
3. O QUE É QUE ESTAMOS A FAZER COM “OS CONFINS DA TERRA”?
É
bom reconhecer aqueles e aquelas que investem as suas vidas ou apoiam as
missões fora de portas de várias formas…, e nós? Como estamos a olhar para as gentes
“dos confins da Terra”? Aqueles que estão em países em que menos de 2% da
população segue Jesus? E também aqueles que vindos desses países chegam à nossa
nação, sem conhecer a Cristo? Vemos essas pessoas como uma ameaça ou como uma
oportunidade de ouro que o Senhor nos está a dar de alcançá-las mesmo aqui ao
nosso lado? Estamos dispostos a fazer algo em prol das suas vidas ou fechamos o
nosso coração ao apelo do Espírito Santo para termos compaixão de todos?
Deus
“que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.” (1
Timóteo 2:4, OL)
“Portanto, vão e façam discípulos em todas as nações. Batizem-nos
em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem-nos a obedecer a todos os
mandamentos que vos dei. E fiquem certos de que estou sempre convosco, até ao
fim do mundo.” (Mateus 28:19-20, OL)
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a
criatura.”
(Marcos 16:15)
Lembremos
a atitude de Jesus… “Ao ver as multidões, sentiu grande compaixão, pois não
sabiam o que fazer nem onde procurar auxílio. Eram como ovelhas sem pastor.
Então disse aos seus discípulos: ‘A seara é vasta e os trabalhadores são
poucos. Roguem ao Senhor da seara que envie trabalhadores para ela.’” (Mateus
9:36-38, OL)
Perdoa-nos,
Senhor! Incomoda-nos, Senhor!
Ana R. Rosa
Foto: Foto de Sorasak na Unsplash
in revista Novas de Alegria, setembro 2024
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