Já ouviste falar da série “The Chosen”? E de “Dallas Jenkins”? (BSteen)


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 série internacional The Chosen, cuja quinta temporada estreia este mês pelo menos em três cinemas, já conquistou milhares de seguidores em todo o mundo. Disponível nas principais plataformas de streaming e gratuitamente através de uma app, “The Chosen” está a ser também um fenómeno em termos de alcance numa sociedade que no passado era assumidamente cristã, mas hoje, nem por isso. 

Gostávamos de te dar a conhecer Dallas Jenkins, o criador, produtor, realizador e escritor da série “The Chosen”. Começou a sua carreira produzindo uma longa-metragem independente aos 25 anos. Nos quase 20 anos que se seguiram, realizou e produziu mais de uma dúzia de longas e curtas-metragens para empresas como a Universal, Pureflix, Hallmark Channel e Amazon. Filho do coautor dos livros Deixados para Trás, Jenkins nunca pensou produzir ou realizar uma série ou filme cristão quando foi trabalhar para Hollywood, até que um dia, Jenkins foi desafiado por Deus para usar os seus talentos cinematográficos em filmes assumidamente cristãos… e aceitou o desafio. Começou por fazer o seu primeiro filme abertamente cristão, mas, desde aí até ao enorme sucesso e alcance da série “The Chosen”, muita coisa aconteceu.

 

CINCO PÃES E DOIS PEIXES

The Chosen” nasceu durante uma das maiores desilusões profissionais da vida de Jenkins. “Estava fechado em casa (…) com a minha mulher, Amanda, no ponto mais baixo da minha carreira, a chorar e a orar e a tentar perceber tudo e a tentar descobrir o que viria a seguir”, diz, referindo-se à altura em que o seu filme “The Resurrection of Gavin Stone” fracassou nas bilheteiras. O filme tinha reunido parceiros improváveis, incluindo a Universal Studios e a Walden Media. E apesar de ser um filme cristão com investidores não cristãos, Jenkins e a igreja de Chicago onde trabalhava mantiveram o controlo total do conteúdo. E estavam planeados mais filmes. O futuro de Jenkins como realizador parecia brilhante, mas com os baixos números de bilheteira, as expetativas de carreira de Jenkins caíram a pique.

Naquela altura, enquanto o casal orava e tentava processar o fracasso, Deus falou ao coração de Amanda e disse-lhe duas coisas. A primeira foi a história de Jesus alimentando os 5000 (podes ler em todos os Evangelhos). A segunda, a frase é “Eu faço contas impossíveis”. Ao lerem novamente o milagre de Jesus, repararam pela primeira vez que Ele foi responsável não só pelo milagre em si, mas também por criar a necessidade do milagre. Afinal, Jesus sabia que a multidão estava “exausta e cansada. (…) Ele sabia-o. De facto, a culpa era Dele. Era Ele que estava a falar há tanto tempo que os tinha deixado com tanta fome. Tinha-os levado a um ponto em que a única coisa que precisava acontecer era um milagre”, diz Jenkins. Jesus poderia ter feito com que a comida aparecesse milagrosamente no colo de cada pessoa, mas não o fez. “Pediu-lhes que fossem buscar cinco pães e dois peixes. Depois, quando os multiplicou, mandou-os ir distribuí-los. Mandou-os fazer tudo aquilo que podiam fazer sem precisarem Dele”.

Ao refletirem nisto, pensavam que Deus ia fazer um milagre e que o filme iria ser um sucesso…, mas ia de mal a pior. Uma noite, enquanto Jenkins analisava o que poderia ter feito daquele filme um fracasso, recebe uma mensagem de alguém que apenas conhecia pelo Facebook, e leu “Lembra-te que o teu trabalho não é alimentar os 5000. É apenas providenciar os pães e os peixes”. Atónito, Jenkins interrogou-se se o seu computador não estaria a gravar as suas conversas. Perguntou à pessoa porque é que lhe tinha enviado aquela mensagem - e às 4 da manhã. A pessoa disse-lhe que estava na Roménia e que tinha sentido Deus a orientá-la para enviar a mensagem. “Posso definir a minha vida antes deste momento e depois deste momento”, diz Jenkins. “Porque soube naquele momento que, como alguém que tinha o controlo de muitas coisas e que tinha visão - uma boa visão - para muitas coisas, não me competia obter os resultados. O meu trabalho era pegar naqueles cinco pães e nos dois peixes e torná-los tão saudáveis e tão bons quanto possível, e tudo o que viesse depois disso era com Ele”.

Nas semanas seguintes, Jenkins dedicou-se a fazer uma curta-metragem para a cerimónia de Natal da sua igreja - um filme sobre o nascimento de Cristo na perspetiva dos pastores. No entanto, enquanto estava a filmar, começou a surgir nele uma nova ideia para uma série televisiva sobre a vida de Jesus. Para encurtar a história, a curta-metragem que Jenkins fez para a sua igreja acabou nas mãos de uma empresa de distribuição que contactou Jenkins. Ele falou-lhes da sua ideia para uma série televisiva. Disseram que o queriam apoiar e que queriam fazer um crowdfunding para cobrir os custos.

Jenkins não estava otimista “porque o crowdfunding raramente funciona e normalmente é para projetos muito pequenos”. O recorde de crowdfunding na altura era de 5,7 milhões de dólares, e isso para um projeto que já era famoso. “Não tínhamos nada, e estava a sair de uma grande crise”, diz ele. “Mas estava naquele momento de pães e peixes, e, por isso, estava aberto ao que podia acontecer”. O que aconteceu foi um milagre: tornou-se o maior e mais lucrativo projeto de media financiado por crowdfunding de todos os tempos, com 19 000 pessoas a contribuírem com mais de 10 milhões de dólares, que era dinheiro suficiente para fazer toda a primeira temporada da série The Chosen. Deus faz contas impossíveis!

 

MAIS DO QUE UMA SÉRIE

Hoje, The Chosen é não apenas um sucesso de audiências, mas uma ferramenta para alcançar aqueles que desconhecem a história de Jesus, os Evangelhos – incluindo os teus colegas e amigos -, numa linguagem cinematográfica e enredo cativantes. Tendo como pano de fundo a opressão romana no Israel do primeiro século, a série partilha um olhar autêntico e íntimo sobre a vida e os ensinamentos revolucionários de Jesus.

O que começou por ser um projeto financiado por um grupo de pessoas cresceu para mais de 250 milhões de espetadores e mais de 17 milhões de seguidores nas redes sociais. As estatísticas da organização contam que cerca de 30 a 40% da audiência não tem um relacionamento próximo e constante com Deus, seja pelas suas origens não cristãs seja por se ter tornado apenas cristão nominal. Além da série, há uma secção de explicação dos contornos históricos, culturais e bíblicos dos vários episódios, para os mais interessados, tudo disponível gratuitamente através de uma app com o mesmo nome da série, para dispositivos Android e iOS.

Embora já parte esteja disponível em mais de 50 línguas, a Come and See Foundation tem por objetivo traduzir (e legendar e/ou dobrar) a série para que esta seja acessível nas cerca de 600 línguas e dialetos falados no mundo. Em novembro de 2024, Jenkins mudou a marca The Chosen Inc. para 5&2 Studios, e anunciou vários spinoffs, como por exemplo a série de animação “The Chosen Adventures” para os mais novos, mais uma ferramenta para levar Jesus às crianças, mais uma forma de alcançar a nossa geração com o Evangelho.

Se ainda não viste, aproveita e vê, estuda a tua Bíblia enquanto vês a série e partilha com os teus amigos o Evangelho com a tua vida, as tuas palavras e também esta série.

Ana R. Rosa

 

Fontes: www.eternitynews.com.au; www.christianfilmblog.com; www.indiewire.com; thechosen.tv; www.comeandseefoundation.org


In revista BSteen, abril 2025

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