“Um tesouro com mil anos encontrado no lixo”


“Um operário resgatou pilhas de jornais junto a um contentor do lixo e guardou-as. Mais tarde, descobriu dentro deles documentos antigos, alguns anteriores à nacionalidade. Está tudo na Torre do Tombo.”1

Foi notícia em dezembro nos meios de comunicação tradicionais e digitais: “um conjunto de pergaminhos com cerca de mil anos e documentos datados dos séculos XI ao XX foram descobertos, por acaso, por um operário, junto a um contentor do lixo na Figueira da Foz, no meio de resmas de jornais datados de 1974, 1975 e 1977.”2

 Ao ver o mau estado do material encontrado, com bolor e cheios de humidade, “Mário Rui dispôs-se a tratar deles, secando-os com o desumidificador e alisando-os dentro de livros. Mas quando tentou vender o primeiro num site de vendas online (uma carta do rei D. Afonso V, pela qual pedia, em 2019, 400 euros), recebeu um contacto da Torre do Tombo. Depois de analisado o espólio, concluiu tratar-se de uma coleção de um colecionador privado, que não acautelou o seu futuro, acabando o tesouro no lixo. Mário Rui não quis revelar a quantia que a Torre do Tombo se dispôs a pagar pelo espólio, que, entretanto, foi digitalizado e integra o acervo do Arquivo Nacional.”3

O ditado diz que “O lixo de uns é o tesouro de outros.” Nestes dias de consumismo há tanta coisa que vai para o lixo, mas que está ainda em bom estado! E, não estou a falar do vício da acumulação… estou mesmo a falar de coisas que com pequenos arranjos serviriam para ser usadas por alguém que não tendo posses para o novo, poderia usufruir de uma TV, uma mesa, um armário… E as pessoas? Quantas são colocadas de lado? Quantas consideramos “monos para reciclagem”? Quantas, para esta sociedade de standards imediatistas e utilitaristas, são ignoradas, esquecidas, desvalorizadas? Quantos “tesouros” estamos a colocar no lixo?

 Dá trabalho recuperar uma TV com um interruptor estragado, uma mesa com a perna partida ou um armário a precisar de dobradiças novas… Também dá trabalho ajudar alguém a recuperar das adições ao consumismo, ao álcool, ao jogo, à pornografia. Estar ao lado daqueles que passam por uma doença crónica ou terminal, pela dor de um divórcio, ou de quem faz o luto de um filho. Atravessar o “deserto” com alguém que enfrenta um burnout, uma depressão, a falta de um teto, o desemprego repentino… Ou ajudar quem caiu, assume isso e quer levantar-se. Atrás de cada história há uma vida. E cada vida é um tesouro… alguém que Deus ama, independentemente da sua situação.

Por isso, agora não avaliamos mais as pessoas por aquilo que possam parecer do ponto de vista humano. Antigamente, eu pensava em Cristo como um simples ser humano. Mas agora já não é dessa forma que o conheço! Se alguém está ligado a Cristo transforma-se numa nova criatura; as coisas antigas passaram; tudo nele se fez novo! Tudo isso é obra de Deus que nos reconciliou consigo mesmo, através daquilo que Cristo fez por nós, e nos confiou a missão de anunciar essa mesma reconciliação. Porque Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não mais considerando os pecados dos homens como razão de acusação contra eles. Eis pois a mensagem que pregamos. Somos então como embaixadores de Cristo. E é como se Deus por nosso meio lançasse um apelo aos homens. Nós vos suplicamos então, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus!” (2 Coríntios 5:16-20, OL, destaque da autora)

“Meus irmãos, que interessa se alguém disser que tem fé em Deus e não fizer prova disso através de obras? Esse tipo de fé não salva ninguém. Se um irmão ou irmã sofrer por falta de vestuário, ou por passar fome, e lhe disserem: ‘Procura viver pacificamente e vai-te aquecendo e comendo como puderes’, e não lhe derem aquilo de que precisa para viver, uma tal resposta fará algum bem? Assim também a fé, se não se traduzir em obras, é morta em si mesma.” (Tiago 2:14-17, OL)

“Se algum de vocês se tiver desviado da verdade e outro o ajudar a voltar, irmãos, lembrem-se disto: aquele que ajuda qualquer pecador a deixar o seu erro salvará essa alma da morte e contribuirá para o perdão de muitos pecados.” (Tiago 5:19-20, OL)

“Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto, a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pelas nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso. Somos a obra-prima de Deus. Ele criou-nos de novo em Cristo Jesus, para que possamos realizar todas as boas obras que planeou para nós.” (Efésios 2:8-10, OL, destaque da autora)

Senhor, ajuda-nos a vermos os outros como Tu vês… e a sermos agentes reconciliadores e auxiliadores daqueles que estão à nossa volta. Assim seja.

 

Ana R. Rosa


1 Oliveira, M.J. (2024, dezembro, 8). Um tesouro com mil anos encontrado no lixo. Público. Consultado a 18 de dezembro de 2024, em: https://www.publico.pt/2024/12/08/culturaipsilon/investigacao/tesouro-mil-anos-encontrado-lixo-2114368.; 2, 3 Correio da Manhã (2024, dezembro, 9). Tesouro encontrado no lixo na Figueira da Foz. Correio da Manhã. Consultado a 18 de dezembro de 2024, em: https://cmjornal.pt/cultura/detalhe/tesouro-encontrado-no-lixo-na-figueira-da-foz. 


in revista Novas de Alegria, março 2025

Foto de Sigmund na Unsplash

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