Retrospetiva e expectativa


O ano passou a correr. Olhando-o de longe, parece que começou ontem e termina amanhã. Mas, vendo-o de perto, ao recordá-lo semana a semana, reconheço que houve minutos quase tornados eternos pela dor ou horas de festa que pareciam infindáveis. Tudo isto é tão próprio de nós, dependentes de horários, relógio e calendários. O maior bem que temos para gerir enquanto vivemos é mesmo o nosso tempo. Quando falamos de prioridades, falamos do modo como encaixamos tudo o que precisamos fazer no nosso dia, na semana, no mês, no ano e na vida. 


Como humanos podemos planear fazer algo numa determinada altura. Dirigir a nossa vida familiar, emocional, escolar ou profissional num certo sentido. Dar prioridade a alguém ou a alguma atividade em detrimento de outra. Sejamos sinceros: gostamos de controlar os acontecimentos da nossa vida, certo? Não desejamos limitar-nos a estar no “palco” e seguir o “guião”, mas queremos assumir as funções do encenador, do guionista, do produtor. Não nos chega ter o papel principal. Queremos mudar a nossa história à nossa maneira. Não sei se este retrato lhe é familiar...



Mas, o que acontece quando alguém vem e muda a nossa agenda, rotina ou prioridades? O que fazes quando algo se passou ou alguma “personagem” menos ao nosso gosto apareceu em cena, imprevisivelmente? A realidade é que coisas inesperadas acontecem na nossa vida. Isso sucede com maior intensidade a partir do momento em que escolhemos ter Deus como o nosso guia e Senhor.

Quando reconheces a necessidade de Jesus transformar a tua vida, as prioridades a nível geral mudam. Deus tem a primazia na área moral, espiritual e social. Mas as preferências das tuas decisões pessoais também sofrem uma transformação. É certo que não nos tornamos seres telecomandados, mas somos desafiados muitas vezes a mudar os nossos planos. Perder um emprego, receber uma promoção, começar um projeto na igreja local sem ter fundos, receber uma oferta para o trabalho social em que estás envolvido, estudar outra vez, mudar de cidade, mudar de curso, casar, ter um filho... O importante é reconhecermos a voz de Deus no meio de todas as transformações. Perceber se Ele está ou não a aprovar essa decisão. Isso requer conhecer o coração de Deus. Isso requer intimidade.

Viver com Deus é mesmo assim. O melhor mesmo é registarmos os nossos compromissos na agenda da vida com um lápis. Nunca se sabe quando teremos de apagar um assunto e escrever outra coisa no seu lugar. A nossa prioridade deve ser deixar Deus dirigir a nossa agenda, para que seja coincidente com os Seus planos para nós. Isto exige submissão e compromisso. Isto exige “morrermos” para que Ele viva em nós. Isto exige uma interdependência de Deus total e permanente. Só desta forma teremos capacidade dada por Ele para suportar as incertezas e questões motivadas pelas surpresas desagradáveis da vida e para resistir à presunção do sucesso. A vida com Deus é a melhor vida que alguém pode desejar... e quem decide seguir por este caminho deverá estar pronto para mudar a qualquer momento, pois Ele é a grande prioridade da nossa vida.

“Mas o nosso Deus está nos céus; faz tudo o que lhe apraz.” (Salmo 115:3)

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria, dezembro 2019


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