Filhos e enteados

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Quem nunca ouviu esta expressão: “Uns são filhos outros são enteados”? Poderíamos acabar o texto por aqui porque já se entendeu a mensagem, mas não… porque queria mesmo pôr-nos a pensar neste tema – discriminação. Na verdade, todos sabemos que ela existe, e todos nós já nos deparámos com ela. Digo mais, talvez todos já tenhamos entrado pela via da discriminação em pensamentos, palavras ou atos.

Quando penso neste tópico, logo vêm â minha memória textos bíblicos sobre Deus e a Sua “não discriminação” em relação à porta aberta da Salvação. João 3:16 é apenas um exemplo dos muitos que poderia citar. Deus quer que todas as pessoas sejam salvas – todas. O Seu amor é incondicional. Do nosso lado está a resposta ao ato amoroso de Jesus que entregou a vida por nós, para nos salvar.

Como Corpo de Cristo – Igreja – devemos seguir em consonância com o que o Cabeça – Cristo – pensa em relação a este assunto, que não se limita à questão da salvação, mas entre em muitas outras áreas. Nas primeiras décadas da Igreja, o apóstolo Tiago, preto no branco, abordou a questão da discriminação na sua Epístola. Sem mais demoras, pensemos no texto bíblico.

“Meus irmãos, a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, é incompatível com atitudes de parcialidade em relação às pessoas. Se, no vosso local de reunião, entrar uma pessoa muito bem vestida e com joias nos dedos, e ao mesmo tempo chegar alguém que é pobre e mal vestido; se, considerando a aparência vistosa do primeiro, lhe derem preferência, dizendo-lhe para se sentar no lugar de mais destaque, e se disserem ao pobre para ficar mesmo de pé ou num canto da sala, não estarão a estabelecer diferenças e a fazer juízos determinados por pensamentos condenáveis? Ouçam, queridos irmãos: Deus tem escolhido gente pobre nesta Terra para serem ricos na fé, garantindo-lhes a entrada no reino do céu, que Deus prometeu aos que o amam. Mas daquela maneira desonraram o pobre. E não são geralmente os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? Não são eles também que blasfemam o honroso nome de Cristo, que vos identifica enquanto cristãos? Se cumprirem a mais importante Lei de Deus, contida na sua palavra, que é: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, então fazem bem. Mas, ao fazer distinção entre pessoas, estão a pecar, e tornam-se culpados de transgredir essa Lei de Deus.” (Tiago 2:1-9, OL).

Na igreja não pode haver VIPs, ou seja, pessoas muito importantes e outras menos importantes. Temos funções diferentes no Corpo, mas todos temos o mesmo valor (e falta o espaço para colocar tantos versículos acerca do tema). Quando há tratamento diferenciado algo está errado em nós – podemos arranjar desculpas, mas nunca uma justificação porque a Palavra de Deus silencia-nos de imediato. Para as coisas boas e para as menos boas precisamos ter o mesmo amor e a mesma graça, a mesma justiça e a mesma verdade.

Somos todos filhos… e todos de primeira. Não por nosso mérito, mas pela Sua graça.

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria, maio 2021 

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