Amargo de boca

Photo by Felix Mittermeier on Unsplash

Nem sempre a vida é um “mar de rosas”. Isso não existe… pelo menos aqui na Terra. Onde existem duas pessoas imperfeitas a possibilidade de conflitos existe, por isso temos de encarar o facto de que vamos lidar com conflitos na vida – e se não concordam comigo, bom… já estamos em conflito, pelo menos de opinião.

Quando temos opiniões diferentes, quando alguém tem uma atitude errada (ou várias) para connosco, quando ouvimos palavras que ferem… tudo isto leva a conflitos e a um amargo de boca (e do coração). É normal sentirmos frustração… o problema é quando tudo isso não é devidamente tratado e deixa feridas abertas.

A falta de perdão é a principal causa de amargura na nossa vida. E perdoar não é esquecer - é largar de mão a razão com o alvo de sermos livres. Por que razão tinha Jesus e Ele perdoou… e diz para perdoarmos (sem condições) os que nos ofendem e, até, amarmos os nossos inimigos (Mateus 6:12-15, Colossenses 3:13, Mateus 5:44-47). Ele amou-nos antes de nós O amarmos e abriu os braços para nós quando ainda tínhamos as costas voltadas para Ele (1 João 4:19, Romanos 5:10).

Quando essa amargura é deixada e a ferida permanece aberta, vamos deixando crescer algo que é tudo menos saudável para a nossa vida. A semente da falta de perdão, regada pela nossa autojustificação, ao sol da autocomiseração, dá origem a uma raiz de amargura. E o fruto dessa planta é tudo menos bom.

“Tenham cuidado para que ninguém deixe de beneficiar da graça de Deus, e também que nenhuma amargura crie raízes que, ao brotar, venham a causar-vos perturbações, e depois, por contaminação, também a muitos outros.” (Hebreus 12:15, OL)

A raiz de amargura é como um cancro - sempre maligno - que nos destrói por dentro e, mais cedo ou mais tarde, isso vê-se por fora. Porque a raiva e a sede de vingança que brotam dessa raiz destroem todas as culturas saudáveis à sua volta, como as ervas daninhas. Uma vida controlada pela amargura vai falar do que o coração está cheio e trazer ódio e ira para com os que a rodeiam.

Jesus é o jardineiro perfeito que sabe arrancar as raízes de amargura e tratar o terreno do nosso coração... Basta pedirmos a Sua ajuda e Ele vai entrar e trabalhar. Ele não nos quer “queimar” como ramos que não dão bom fruto, mas quer restaurar-nos e dar-nos um coração igual ao Dele (João 15:1-8).

O melhor sítio para deixarmos as nossas mágoas, as nossas “razões” e entregar tudo, é aos pés de Jesus. Ele vai escutar as nossas palavras e guiar-nos com a Sua Palavra, enquanto trabalha no nosso coração com o Seu Espírito. Ele sabe o que nós não sabemos e conhece o que desconhecemos, o que aconteceu, o que acontece e o que acontecerá. E, nesse processo de cura e de perdão, “(…) sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu plano.” (Romanos 8:28, NTLH)

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria, outubro 2021 


Comentários