Acidentes de percurso

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“Eu nunca me arrependo de nada!”, dizia ela com uma pitada de orgulho, próprio da inexperiência dos seus 16 anos. Acreditava que todas as decisões que tomaria seriam justas, sãs, boas. Mas a vida veio a dizer-nos o contrário. E o orgulho, esse, manteve-se. Porque escapou-se para caminhos largos quando caiu nela e percebeu que tinha posto os pés pelas mãos.

Quanto a mim, posso garantir que me arrependo de algumas coisas. Admito. Nem sempre tomei as melhores decisões, usei as melhores palavras, nem orei devidamente. Nem sempre fui correta no meu julgamento, verdade. Mais vezes do que gostaria tive (e tenho!) de admitir as minhas falhas, mesmo que não intencionais, perante Deus e os outros.

Acidentes de percurso podem acontecer, mesmo depois de termos Jesus como nosso Salvador e Senhor. Acontece porque somos humanos ainda a viver neste mundo. Paulo admitia “Embora tenha o desejo de praticar o bem, não sou capaz de o fazer. Não faço o bem que eu quero, mas faço o mal que não quero.” (Romanos 7: 18a-19, BPT) Agora, isto não serve de desculpa para vivermos de qualquer maneira, fecharmos as nossas Bíblias, deixarmos de orar e fazermos “mute” à voz do Espírito Santo quando Ele nos alerta para algo que precisamos mudar– não para nos limitar, mas para nos ajudar a sermos mais como Jesus.

Uma coisa é eu falhar a tentar ser como Jesus. Outra coisa é eu ter Jesus como um escape de consciência ou a igreja como um hobby. Quando somos batizamos e tomamos o compromisso público de seguir Jesus, estamos a assinar por baixo das Suas palavras: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” (Lucas 9:23, ACF) Como é que conseguimos isso?

1) Percebendo que Jesus está ao nosso lado no caminho – “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:28-30, ACF)

2) Estando perto Dele, lendo a Sua Palavra e em oração – “Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.” (Lucas 6: 47-48); Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (João 15:5)

3) Rodeando-nos de irmãos e irmãs que sejam de ajuda mútua na vida cristã – “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” (Gálatas 6:2, ARA)

E se falharmos, sabemos que sempre que nos arrependemos, Ele perdoa-nos. Por vezes precisamos de um tempo para nos reorganizarmos e deixarmos Deus curar as feridas… O que importa é agirmos em humildade e procurarmos ajuda. Para isso, nada de orgulho! Isso tem de ser banido do nosso coração. Porque só podemos mudar e ajudar outros que têm acidentes de percurso se percebermos que, como eles, comos falhos e necessitamos da Sua graça a cada dia.

Ana R. Rosa

in Novas de Alegria, julho 2022

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