A dívida, o preço e a troca.

Uma dívida para a vida. Andar com um peso agarrado a nós, do qual não nos podemos livrar. Temos de pagar, mas não conseguimos. É caro demais para nós, mesmo que tenhamos os cofres cheios (sejam eles nossos, de amigos ou familiares), as contas repletas e ainda o colchão bolorento com o espaço secreto onde guardamos os maços de notas. Porque esta dívida não tem FMI que a salve, nem BCE que a compre ou Troika que a pague. Não há fundo, nem orçamento, nem cativação possível. Não a podemos esconder hoje para fazer aparecer no próximo ano. Ela está cá, sempre presente, e cresce sem que a consigamos gerir ou controlar.

Um preço impossível. Uma etiqueta pintada de vermelho, tingida, dia após dia, enquanto se cobria o preço, tapando o valor, mas tendo-o sempre presente na catadupa do tempo. Para cobrir a nudez do primeiro casal, afundado na sua desobediência, cativo de uma dívida que ficaria para sempre na família. A família humana. Cada um de nós. O sacrifício em troca do pecado, no templo, e depois por todo o povo, uma vez no ano… salpicos vermelhos que atenuavam aquilo que teria de ser, um dia e definitivamente, saldado.


A troca graciosa. Alguém que não merecendo, antes pelo contrário, Se deu, Se ofereceu para saldar a dívida, cobrir de uma vez por todas o preço impossível de ser pago por nós, por todos e por cada um. Ele, o Filho Daquele por nós ofendido, esquecido, abandonado, ridicularizado… o Filho de Deus. As nossas intenções, palavras e ações de boa fé não poderiam compensar toda a nossa desobediência ao nosso Criador. Mesmo assim, Ele quis ser o nosso Salvador. Não Lhe pedimos. Ele sabia. Ele planeou tudo antes de sermos criados, sabendo que iríamos virar-Lhe as costas, um meio de nos reconciliarmos com Ele. Ele mesmo veio. Deus connosco. Jesus. A Sua vida pela nossa vida. Uma troca humanamente injusta, mas divinamente graciosa e misericordiosa. Por causa do amor, do Seu amor…

“(…) Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8, ACF)

“Antes de ter criado o mundo, Deus escolheu-nos para lhe pertencermos e passarmos a viver de uma forma santa e irrepreensível, em amor. No seu plano, propôs-se tornar-nos seus filhos. É por isso que lhe dirigimos louvor e honra pela sua graça para connosco, através da pessoa do seu amado Filho. Tão rica é a generosidade da sua graça, que ele pagou a nossa redenção, através do sangue do seu Filho, e as nossas transgressões foram perdoadas. Graça essa que se traduziu abundantemente nas nossas vidas em sabedoria e compreensão; tornando assim possível termos conhecimento do plano que Deus tinha arquitetado a favor da humanidade, mas que mantivera por revelar até ao momento por ele determinado. E o objetivo final desse plano é, quando chegar o tempo oportuno disso acontecer, juntar sob o governo de Cristo todas as coisas, no céu e na Terra.” (Efésios 1:4-10, OL)

“Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto, a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus. Não é uma recompensa pelas nossas boas obras. Ninguém pode reclamar mérito algum nisso.” (Efésios 2:8-9, OL)

Ana Ramalho Rosa

in Novas de Alegria, fevereiro 2020

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