Renúncia: a chave para o avivamento.


Lembro-me de ser pequena e ver milagres acontecer na igreja, ver Deus manifestar-Se de diversas formas. Ao longo dos anos muitas pessoas têm falado da necessidade de um avivamento, e de locais onde avivamentos têm acontecido. 

Uma das coisas que está a acontecer enquanto a igreja está impedida de se reunir fisicamente é que muitos crentes estão a ser novamente avivados, voltando às coisas simples e importantes – como a oração e a meditação na Palavra de Deus. Para existir um avivamento geral, na igreja, tem de existir necessariamente um avivamento particular, de cada um. Vamos olhar para a igreja nascente e perceber as características da mesma neste sentido.

“Chegado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar (…) E todos os presentes ficaram cheios do Espírito Santo, começando a falar línguas que desconheciam, conforme o poder que o Espírito Santo lhes dava. (…) E juntaram-se aos outros crentes, participando regularmente no ensino administrado pelos apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações. Todos sentiam profundo temor e respeito e os apóstolos faziam muitos sinais. Os crentes encontravam-se constantemente e repartiam tudo uns com os outros, vendendo os seus bens e pertences, e partilhavam o produto por todos, segundo a necessidade de cada um. Cada dia adoravam juntos no templo; reuniam-se em pequenos grupos familiares para celebrar a comunhão, e tomavam as refeições juntos, com grande alegria e gratidão, louvando Deus. A cidade inteira via-os com bons olhos e todos os dias Deus ia acrescentando ao seu número aqueles que se salvavam.” (Atos 2:1 e 4, 42-47, OL)

A igreja nascente tinha oração e fome de Deus. Havia união não apenas física (reunião) mas estratégica (mesmo propósito), ensino regular e respeito mútuo. A igreja dava bom testemunho para com os de fora. O Espírito Santo tinha livre curso, operando através dos crentes de várias formas, dando-lhes ousadia para testemunhar (Atos 1:8) e usando-os com os Seus dons. Por outro lado, sempre que aparecia algum tipo de situação que envolvia mentira, egoísmo, presunção, divisão, etc., os apóstolos repreendiam tais atitudes pessoalmente ou através de cartas para tratar esses e outros problemas. Basta lermos as várias epístolas para o compreendermos.

Não façam nada motivados por despique, nem por interesses pessoais, mas sejam humildes: que cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não pensem unicamente nos vossos interesses, mas procurem também aquilo que interessa aos outros. Que haja em vocês a mesma atitude que houve em Cristo Jesus. Sendo por natureza Deus, no entanto, não reivindicou para si o ser igual a Deus, mas desfez-se das suas regalias próprias, assumindo a forma de um escravo e a semelhança humana. E, encontrando-se nessa condição, humilhou-se a ponto de se sujeitar voluntariamente à morte; não a uma morte vulgar, mas à morte da cruz.” (Filipenses 2:3-8, OL)

Se queremos ser avivados precisamos de renúncia. Não renúncia pela renúncia, mas seguindo a obediência amorosa ao Deus que nos ama. Renúncia do nosso conforto, para dedicar tempo à oração. Do nosso “eu”, para que a Palavra de Deus possa trabalhar no nosso carater. Do nosso egoísmo e individualismo, para trabalhar em prol do todo. Do nosso protagonismo, para que seja o Senhor a ser glorificado. Avivamento tem a ver com entrega e devoção completas para que Deus possa fazer a Sua vontade em nós e através de nós, para a Sua glória. Não podemos procurar avivamento sem estarmos cientes de que teremos de largar o que não é preciso e que teimamos que continue nas nossas vidas. Outra coisa pode ter rótulo de avivamento, mas não o é.

Queremos os milagres, os dons, as pessoas a reconhecerem Jesus como Salvador através de testemunhos e pregações poderosas, sendo realmente transformadas? Se sim, só o conseguiremos com renúncia. Não há volta a dar. Estaremos dispostos a isso?

 

Ana Ramalho Rosa


in Novas de Alegria, junho 2020

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