É preciso ser… BÁSICO! (Ou “o que não pode faltar na tua vida”.)

Photo by Brett Jordan on Unsplash

Chamar básico a alguém não costuma ser boa coisa. Normalmente, até é algo a roçar o insulto. Na linguagem popular, alguém ser etiquetado como básico é o mesmo que dizer que essa pessoa tem falta de inteligência ou que não tem grande capacidade mental. É alguém mesmo primordial, que fica ali nas coisas essenciais.

Sinceramente, deixei de ver o “ser básico” como algo negativo. Porquê? Motivo muito simples: vivemos na era da tecnologia e da simplicidade complexa. Ser básico e viver de modo básico é contra corrente. Ora pensem… num século em que placas gráficas para gamming são medidas ao frame por segundo, onde os smartphones são testados com duração de bateria e velocidade de processador, onde tudo vive de especificidades mínimas, mas que somadas são um puzzle complexo, desfrutar da simplicidade é uma bênção.

Mesmo no contexto de igreja podemos viver isto. Com a pandemia do SARS-CoV-2, os streammings passaram da simplicidade à complexidade e a quase pedir satisfações a alguns canais de televisão. Microfones com e sem condensador, anéis de luz para captação de imagem, webcams com 4K ou HD, banners, headers, etc… E por vezes, perde-se o foco do essencial: a divulgação da mensagem do Evangelho.

O que acontece é que substituímos o básico e essencial pelo superficial e acessório. É claro, como diz o povo, os olhos também comem, mas o que é que deve ser mais alimentado e com melhor alimento? Os olhos e o ego ou o coração e o nosso espírito? O ideal seria alimentar bem ambos, mas o principal é sempre o coração. Porque é aí que se centra a nossa vida. Não só a física, mas também espiritualmente.

Não quer dizer que o músculo que tens a bater no peito seja o motor da tua vida espiritual. Não! É uma expressão. Mas creio que compreendes quando digo que o nosso íntimo, o nosso espírito, a nossa alma, têm de ser alimentadas por mais do que pão, têm de comer diariamente das Sagradas Escrituras. “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4:4).

Hoje há uma fome indescritível, não só física e que ataca continentes como África, Ásia ou América do Sul, mas também espiritual. É o cumprimento do que Deus prometeu em Amós 8:11 “Chegou certamente o tempo, diz o Senhor Deus, em que mandarei sobre a terra a fome; não fome de pão, nem sede de água, mas fome e sede de ouvir a palavra do Senhor.” (OL). Fome e sede Dele, fome e sede de algo básico, de simplicidade. Fome e sede de algo autêntico e transformador.

“Procurem viver em paz com toda a gente e levar uma vida santa, porque sem santidade ninguém poderá chegar a ver o Senhor.” (Hebreus 12:14) Sabes, quando lemos que devemos buscar viver em paz com todos e levar uma vida santa, uma vida santa e não uma santa vida. Ou seja, uma vida próxima e dependente de Deus, não uma vida conforme achemos melhor e com tudo o que seja conforto.

Repara no exemplo da igreja primitiva. Nesta passagem vemos um resumo daquilo que era essencial e importante na vida de cada um, mas também na igreja como um todo. “Aqueles que creram nas palavras de Pedro foram batizados; cerca de três mil ao todo. E juntaram-se aos outros crentes, participando regularmente no ensino administrado pelos apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações. Todos sentiam profundo temor e respeito e os apóstolos faziam muitos sinais. Os crentes encontravam-se constantemente e repartiam tudo uns com os outros, vendendo os seus bens e pertences, e partilhavam o produto por todos, segundo a necessidade de cada um. Cada dia adoravam juntos no templo; reuniam-se em pequenos grupos familiares para celebrar a comunhão, e tomavam as refeições juntos, com grande alegria e gratidão, louvando Deus. A cidade inteira via-os com bons olhos e todos os dias Deus ia acrescentando ao seu número aqueles que se salvavam.” (Atos 2:41 a 47, OL)

Voltar ao básico é voltar à intimidade da oração, à leitura da Bíblia e a procurar que o Espírito Santo trabalhe na nossa vida. Isso leva tempo, não é imediato e não é on demand. É preciso que te comprometas e dês estes passos a sério e continuamente. Voltar ao básico é voltar à simplicidade da vida com Deus, que nos ajuda a fazer um detox de tantas complicações que vivemos nas nossas vidas.

Ricardo Rosa

in BSteen, março 2021 

Comentários